sexta-feira, 3 de setembro de 2021

POLÍTICA : Investigação mostra que dinheiro vivo é uma marca registrada da família Bolsonaro

 

Ana Cristina, a mulher 02, colocava os parentes na rachadinha


A advogada Ana Cristina Valle, ex-mulher do presidente Jair Bolsonaro, também teve os sigilos bancário e fiscal quebrados na decisão que atingiu o vereador do Rio Carlos Bolsonaro (Republicanos), filho do mandatário. O Ministério Público do Rio (MP-RJ) investiga a suposta existência de funcionários fantasmas no gabinete do parlamentar e a prática de “rachadinha” — ela foi chefe de gabinete dele na Câmara de Vereadores entre 2001 e abril de 2008. A informação é do portal UOL.


Ao todo, 27 pessoas e sete empresas foram atingidas pela ordem judicial — a lista inclui parentes de Ana Cristina que também foram lotados no gabinete: Ana Cristina Valle, André Valle, Andrea Valle, Gilmar Marques. Marta Valle, Guilherme de Siqueira Hudson, Ananda Hudson e Monique Hudson.

AUDIO REVELADOR – O publicitário André Valle e a fisiculturista Andrea Valle são irmãos da ex-mulher do presidente. Um áudio revelado pelo UOL em julho mostra Andrea dizendo que devolvia 90% do salário no período em que trabalhou para o então deputado estadual Flávio Bolsonaro, irmão de Carlos.

Reportagem do GLOBO revelou em 2019 que a família Bolsonaro nomeou 102 pessoas com laços familiares em 28 anos — a circulação de um mesmo nome entre vários gabinetes foi comum no período.

Na mesma gravação, Andrea disse que André Valle foi demitido do gabinete do então deputado federal Jair Bolsonaro porque não devolvia os valores combinados.

TUDO EM FAMÍLIA – Ainda constam da lista de sigilos fiscal e bancário quebrados pela Justiça Gilmar Marques, ex-marido de Andrea, e Marta Valle, cunhada de Ana Cristina. Marta foi assessora de Carlos entre 2001 e 2009, mas, em entrevista à Revista Época em 2019, disse que nunca havia atuado no gabinete.

O senador Flávio, o presidente Bolsonaro e Queiroz em almoço (Foto: Jovem Pan)

O primo de Ana Cristina e ex-chefe de gabinete de Carlos Bolsonaro, Guilherme de Siqueira Hudson, também teve os sigilos quebrados, mesmos casos de sua mulher, Ananda Hudson, e sua cunhada, Monique Hudson. Os três constavam como assessores de Carlos, mas sempre moraram em Resende, no sul do Estado do Rio, elas duas cursavam ensino superior na cidade no mesmo período em que estavam nomeadas na Câmara.

Em fevereiro de 2020, O GLOBO revelou que Guilherme de Siqueira Hudson e o pai, o coronel Guilherme dos Santos Hudson, estiveram o no gabinete de Carlos Bolsonaro no dia 30 de outubro de 2019. Na semana seguinte, Guilherme dos Santos Hudson foi prestar depoimento ao MP-RJ.

REPORTAGEM – A investigação dos promotores começou a partir de reportagem da Revista Época que revelou que Carlos empregou sete parentes de Ana Cristina Valle. Dois admitiram à reportagem nunca terem trabalhado para o vereador, embora estivessem nomeados. Segundo levantamento, o parlamentar empregou no total 17 pessoas com laços familiares no gabinete na Câmara do Rio, desde 2001.

Os assessores do gabinete suspeitos de serem funcionários “fantasmas” foram divididos pelo MP-RJ em seis núcleos, e um deles é formado justamente por parentes de Ana Cristina Valle.

Em documento obtido pela GloboNews, os promotores citaram o modus operandi da “rachadinha”, também detectado no gabinete do então deputado estadual do Rio Flávio Bolsonaro, alvo de uma denúncia do Ministério Público. A prática, segundo a investigação, está associada a saques de dinheiro em espécie das contas dos assessores fantasmas, depois repassado a funcionários de confiança responsáveis pela arrecadação. O dinheiro acaba sendo utilizado para pagar despesas ou adquirir bens para o parlamentar.

FLAGRADA PELO COAF – Ana Cristina também foi alvo de comunicações do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf). O documento revela que, durante o período em que esteve lotada no gabinete de Carlos Bolsonaro, ela recebeu “depósito de elevadas quantias de dinheiro em espécie em sua conta bancária”.

Entre os registros, estão um depósito de mais de R$ 191 mil em março de 2011, e outro de mais de R$ 341 mil em julho do mesmo ano. O documento ainda destaca que Ana Cristina tinha um saldo de R$ 602 mil, apontado pelo Coaf como incompatível com a renda dela.

Há ainda um repasse de R$ 30 mil que Ana Cristina recebeu de uma tia, na época em que a parente ocupava cargo comissionado no gabinete de Flávio Bolsonaro na Assembleia Legislativa, movimentação semelhante à da “rachadinha”. Com base nas informações, a investigação aponta “indícios de lavagem de dinheiro”.

DINHEIRO VIVO – Os investigadores dizem que a elevada movimentação em espécie sugere que Ana Cristina Siqueira Valle seja a destinatária dos salários pagos a parentes dela, que foram indicados para trabalhar no gabinete de Carlos Bolsonaro.

Os promotores afirmam que só depois da análise das quebras dos sigilos será possível quantificar, com precisão, o volume de recursos supostamente desviados dos cofres públicos. (Por Filipe Vidon /O Globo).

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Mulher morre e 44 pessoas ficam feridas após ônibus tombar na BR-040, em Minas

 Um acidente envolvendo um ônibus de turismo deixou uma pessoa morta e outras 44 feridas em Minas Gerais na madrugada deste domingo (10). O ...