Com a impossibilidade de se levar suprimentos, dinheiro e combustível para o norte da Etiópia, as Nações Unidas estão prevendo “uma piora dramática” da situação humanitária na região de Tigray.
Nesta quinta-feira, o coordenador humanitário interino da ONU no país, Grant Leaity, divulgou uma nota informando que 5,2 milhões de pessoas, ou 90% da população de Tigray, precisam receber, com urgência, algum tipo de ajuda.
Pior situação de fome
Segundo ele, 400 mil já estão famintos e a entrega de assistência humanitária é essencial para “reverter a pior situação de fome do mundo em décadas.” Milhões de civis correm esse risco, incluindo 1,7 milhão nas fronteiras das regiões de Afar e Amhara.
O conflito começou no ano passado quando tropas do governo e forças regionais em Tigray entraram em confrontos.
Crianças, mulheres e grávidas também estão sofrendo com altos índices de desnutrição. Recentemente, o Unicef alertou que mais de 100 mil menores em Tigray poderão ter desnutrição aguda correndo risco de morte.
Bloqueio humanitário
A região está sob um bloqueio humanitário “de fato” e com isso, a entrega de ajuda humanitária em Tigray está extremamente restrita. Segundo o representante da ONU, só existe uma rodovia por Afar que os parceiros humanitários podem utilizar, mas existem muitos impedimentos logísticos e burocráticos, tornando a passagem pela estrada extremamente difícil.
Grant Leaity destaca que os estoques de comida acabaram no dia 20 de agosto e os de suprimentos, dinheiro e de combustível estão muito baixos ou quase acabando. Pelo menos 100 caminhões com comida e combustível deveriam entrar em Tigray todos os dias para uma resposta adequada à situação.
Responsabilidade do governo
Mas desde 12 de julho, apenas 335 caminhões entraram na região, ou 9% do volume considerado ideal, que seriam 3,9 mil caminhões.
Segundo a ONU, só estão disponíveis US$ 20 mil para os parceiros humanitários em Tigray e o ideal seria conseguir US$ 132,5 milhões até o fim do ano. Em relação ao combustível, a última vez que um caminhão conseguiu entrar na região com gasolina foi no dia 16 de agosto.
As Nações Unidas fazem um apelo a todas as partes em conflito para respeitarem e protegerem os trabalhadores humanitários. Ao governo da Etiópia, o pedido é para que permita e facilite o acesso de bens de ajuda humanitária, uma vez que o país “tem obrigações perante as leis internacionais, de restaurar serviços bancários, de eletricidade e de comunicações”.
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