Na queixa, a candidata diz que passou pelo processo de triagem inicial e foi convidada a novas entrevistas, culminando em uma rodada de reuniões presenciais com funcionários brancos do Facebook em San Francisco, Califórnia, durante as quais ela “sentiu que os entrevistadores não estavam priorizando suas entrevistas porque todas pareciam apressadas, depois de fazê-la esperar por várias horas”. Ela também aponta na queixa que não foi entrevistada por nenhuma pessoa negra e que “a única funcionária negra do Facebook que [ela] encontrou durante todo o processo de contratação foi uma recepcionista”.

A candidata alega que durante uma das entrevistas presenciais na Califórnia lhe foi dito: “Não há dúvida de que você pode fazer o trabalho, mas estamos realmente procurando alguém com fit cultural”. O termo [em inglês, culture fit] é comum na cultura corporativa das empresas de tecnologia, geralmente descrito como a qualidade de contratar pessoas com quem você gostaria de sair socialmente ou tomar uma cerveja. No entanto, o conceito é muitas vezes criticado, sendo apontado como eufemismo para discriminação racial ou de gênero e uma forma de as empresas driblarem acusações de viés em suas contratações. Dada a esmagadora homogeneidade racial das empresas de tecnologia americanas – e a crença generalizada de que elas exigem algum tipo de visão comum do futuro tanto quanto qualquer habilidade técnica –, determinar o que é a “cultura” em questão ou como alguém pode “se encaixar” nela pode ser impossível se os candidatos não se parecerem com os fundadores ou a equipe de uma empresa.

A queixa da mulher rejeitada à vaga menciona que a “política geral de discriminação contra candidatos negros” da empresa é construída em parte sobre “a forte atenção do Facebook ao ‘fit cultural’ na contratação, sem fornecer orientação objetiva o suficiente para gerentes e outros funcionários sobre como determinar quais candidatos e funcionários terão um bom ‘fit cultural’”.

Em outras três queixas recentes recebidas pela EEOC contra o Facebook, há alegações semelhantes de que a empresa confiava no fit cultural e na avaliação de funcionários brancos e asiáticos para determinar a seleção. Elas foram apresentadas pelo funcionário do Facebook Oscar Veneszee Jr. e por duas outras pessoas que se candidataram e foram rejeitadas para vagas na empresa. Os quatro são representados pelos escritórios de advocacia Gupta Wessler PLLC, Katz Marshall & Banks e Mehri & Skalet.

Tradução: Ricardo Romanoff