segunda-feira, 30 de novembro de 2020

Preocupada com inexperiência de Boulos, direita ignorou currículos de Bolsonaro, Doria, Zema e Witzel

 

TER O MAIOR COLÉGIO ELEITORAL nas mãos é um grande trunfo dentro do jogo político partidário nacional. É por isso que a direita não tem medido esforços para evitar a eleição de um prefeito de esquerda na maior cidade do país. A campanha de Bruno Covas tem apelado para duas falácias nesta reta final: a de que o atual prefeito experiente e moderado, enquanto Guilherme Boulos seria um neófito radical.


A tropa inteira se mobilizou na repetição desse mantra. Em editorial intitulado “Não é hora para aventuras”, o Estado de S. Paulo declarou seu apoio a Covas e apresentou como os principais motivos a falta de experiência e o radicalismo do seu adversário. O editorial afirma que não dá para imaginar São Paulo sendo “gerenciada somente na base do entusiasmado ativismo dos movimentos sociais” e sob “influência de um programa revolucionário”.

É legítimo que a empresa apoie em editorial o seu candidato de preferência, mas é espantoso que radicalismo e falta de experiência sejam motivos razoáveis para justificar o apoio ao tucano. Isso nunca foi um problema para o jornal que considerou “uma escolha muito difícil” decidir entre Bolsonaro, um golpista que nunca administrou nada, e Haddad, um político de perfil moderado que foi prefeito da maior capital do país e ministro da Educação por sete anos. Fica claro, portanto, que o Estadão não quer exatamente um prefeito moderado e experiente, mas um prefeito de direita.


João Amoêdo, do partido Novo, afirmou que “votar em Boulos é endossar ideias erradas, que nunca deram certo, iludem e no final trazem péssimos resultados. A maior cidade do Brasil não pode ser administrada por alguém sem nenhuma experiência de gestão”. Essa fala vem de alguém que declarou voto no extremista de direita que hoje nos preside. Naquele momento, votar em um defensor de torturador que dizia que iria “metralhar” adversários políticos não era “endossar ideias erradas”.

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