A superlotação da cela da Área Judiciária, no Palácio da Polícia, em Porto Alegre, causa revolta dos detentos na tarde desta sexta-feira. Eles colocaram fogo em papeis e fazem barulho nas grades exigindo uma solução para a situação precária em que se encontram há 48 horas. São 22 presos na cela e outros cinco na triagem para um espaço de apenas 30m².
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— O ideal seria um preso para cada 2m², o que daria um limite de 15 presos. Mas o maior problema é que essas celas aqui não são preparadas para a permanência de presos. Servem apenas para a detenção enquanto são lavrados os flagrantes — aponta o delegado plantonista, Vicente Vargas.
Enquanto a polícia ainda tenta controlar o motim, não há uma solução da Susepe para a nova interdição determinada pela Justiça no Presídio Central. A casa prisional está hoje com 4.713 presos. É o número recorde desde que um dos pavilhões foi demolido, em 2014.
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Um recado a tiros
O drama do homem de 51 anos começou em 2013, quando o seu filho de 22 anos foi executado com 26 tiros, na Vila Jardim, na Zona Norte da Capital. Segundo ele, o crime teve motivação passional, embora envolva nomes ligados ao tráfico de drogas.
– Foi ciúme. A mulher de um traficante se apaixonou pelo meu filho e o líder do tráfico na Vila Jardim mandou matá-lo. Em troca, o bandido conseguiu unir duas vilas dominadas por traficantes.
Uma semana após esse crime e de ele ter prestado depoimento contra os traficantes da região, sua casa foi atingida por vários tiros. Ele considerou um recado expresso para que deixasse para trás o local em que sempre vivera até então – do nascimento aos 49 anos –, o trabalho, os amigos, os vizinhos e os filhos. Ou então, que desafiasse o risco de morte.
Vida sem as referências
Com uma sacola de roupas, o ex-líder comunitário virou um nômade:
– Minha cabeça foi colocada a prêmio pelos traficantes e minha vida virou de cabeça para baixo. Perdi as referências. Já andei pelo Interior, por outros Estados. Já tive uma empresa e hoje vivo de bicos. Tinha minha casa e agora dependo de conhecidos para ter onde dormir. Até no mato já dormi.
Seu tempo de permanência em cada local depende da realização de trabalhos eventuais e o encontro casual com algum conhecido.
– Cada vez que algum morador da Vila Jardim me vê, eu me mudo para outro lugar, pois podem comentar de ter me visto.
Os amigos e a própria família, ele pouco vê. Um dos filhos, viu há cerca de três meses. Com o outro, já nem lembra quando foi o mais recente encontro.
– As pessoas têm medo de estar comigo e morrer junto. Eu as compreendo. É triste estar passando pelo que estou passando. É muito triste.
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