quarta-feira, 16 de dezembro de 2020

PADRES POSAM COM ARMAS E ATACAM A ESQUERDA PARA CRIAR ‘MÍDIA POSITIVA’ PARA BOLSONARO

CAUSOU ESPANTO A FIÉIS católicos uma foto em redes sociais de um padre segurando uma arma postada em dezembro de 2018. Edvaldo Betioli Filho, da Congregação dos Palotinos, posou com uma pistola nas mãos num centro de treinamento de tiros em Atibaia, no interior paulista. Na foto, o então vigário da igreja São João Batista, na Chácara Califórnia, zona leste da cidade de São Paulo, estava ao lado do instrutor do curso, Bene Barbosa, bolsonarista ferrenho defensor da liberação do porte de armas, e do blogueiro Bernardo Küster, militante católico de direita investigado pelo STF e enrolado na CPI das Fake News. Na conta do Instagram de Bene, ele dizia que o curso de tiro fora “abençoado” pelo padre.

A postagem da foto do padre com a arma foi apagada depois de sair no jornal O Globo. Betioli acabou transferido para uma paróquia na pequena Martinópolis, cidade do oeste paulista com 25 mil habitantes. Agora, um ano depois, a congregação dos padres Palotinos anunciou novamente a remoção do religioso para a paróquia Sagrado Coração, em Ribeirão Claro, município do norte do Paraná. Na época da campanha eleitoral, ele havia apoiado publicamente o prefeito eleito na cidade, Marcos Freita, do Republicanos – o partido ligado à Igreja Universal do Reino de Deus, do bispo Edir Macedo, e que abriga Carlos e Flávio Bolsonaro.

“O povo martinopolense deu uma lição gigantesca nas urnas: o tostão venceu o milhão; cerveja, gasolina e cargos já não têm a primeira palavra na escolha do voto da população. Desejo sabedoria e integridade ao novo prefeito”, comemorou Betioli, em sua página no Facebook.


 Tanto ele quanto a igreja negam que a motivação da nova transferência tenha sido política. Mas Betioli confessou ter “desagradado algumas pessoas” ao elogiar Freita, político que ostenta fotos com Bolsonaro e seu filho Eduardo nas redes sociais. “No dia da eleição, eu fiz uma saudação ao prefeito eleito. Citei três palavras que geraram revolta”, afirmou o padre em seu programa “Caminho de Fé”, na Rádio Nova Onda FM de Martinópolis. “Mas não vamos envolver o nome de ninguém, o nome de políticos”, pediu. Os motivos da remoção, segundo ele, cabem ao superior provincial dos Palotinos, José Lino Reinaldo Oliveira. No último dia 25, foi realizada uma manifestação na cidade em apoio à sua permanência.

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