Em outra suposta conversa de 2 de fevereiro de 2016, Moro avisa Dallagnol que a Odebrecht entrou com uma petição sobre determinada questão. E que abriria prazo de três dias para os procuradores se manifestarem.
A Revista Veja, em parceria com o site The Intercept, divulgou nesta sexta-feira (5) novos diálogos atribuídos ao então juiz Sergio Moro e a procuradores. A revista afirma que as supostas conversas no aplicativo Telegram mostram que Moro orientava de forma ilegal ações da Lava Jato.
Veja afirma que foram analisadas 649.551 mensagens. A Veja diz na seção Carta ao Leitor que analisou dezenas de mensagens trocadas ao longo dos anos entre membros da revista e os procuradores. E que todas as comunicações seriam verdadeiras, palavra por palavra.
A revista diz que numa conversa de 28 de abril de 2016, Moro teria orientado os procuradores a tornar mais robusta uma peça. O suposto diálogo se refere a Zwi Skornicki, representante do estaleiro Keppel Fels, que tinha contrato com a Petrobras. O engenheiro foi condenado por corrupção ativa a 15 anos, 6 meses e 20 dias
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No suposto diálogo, o procurador Deltan Dallagnol teria dito à procuradora Laura Tessler: “no caso do Zwi, Moro disse que tem um depósito em favor do Musa (Eduardo Costa Vaz Musa, ex-gerente da Petrobras) e se for por lapso que não foi incluído ele disse que vai receber amanhã e da tempo. Só é bom avisar ele”. Laura teria respondido: “Ih, vou ver”.
A revista afirma que, no dia seguinte, o Ministério Público Federal incluiu um comprovante de depósito de US$ 80 mil feito por Skornicki a Musa. E que Moro aceitou a denúncia minutos depois do aditamento e que, na sua decisão, mencionou o documento que havia pedido. Segundo a revista, isso demonstraria que ele claramente ajudou um dos lados do processo a fortalecer sua posição.
Em outra suposta conversa de 2 de fevereiro de 2016, Moro avisa Dallagnol que a Odebrecht entrou com uma petição sobre determinada questão. E que abriria prazo de três dias para os procuradores se manifestarem.
No dia 5, segundo a revista, o procurador Dallagnol teria mandado pelo aplicativo Telegram a manifestação do Ministério Público quase pronta. A revista afirma que a situação é completamente irregular porque o Dallagnol teria enviado a Moro uma versão inacabada do trabalho para que o juiz pudesse adiantar a sentença.
A revista destaca outro suposto diálogo em que o chefe da força-tarefa, Deltan Dallagnol, daria dicas a Moro sobre argumentos para garantir uma prisão. O diálogo seria de 17 de dezembro de 2015, quando Moro teria informado ao procurador que precisava da manifestação do Ministério Público Federal no pedido de revogação da prisão preventiva de José Carlos Bumlai, pecuarista e amigo de Lula. Dallagnol teria respondido sobre o prazo: “Ate amanhã meio dia”. E o procurador, segundo a revista, teria acrescentado: “Seguem algumas decisões boas para mencionar quando precisar prender alguém…”
Em outro diálogo atribuído a Moro e a Dallagnol, o juiz teria perguntado sobre rumores de uma delação de Eduardo Cunha, ex-presidente da Câmara dos Deputados. Dallagnol teria respondido que tudo não passa de rumores e que, sempre que Moro quisesse, colocaria o então juiz a par. Segundo a revista, Moro teria reiterado ser contra a delação. Isso sem saber o conteúdo, segundo a Veja.
A revista ressalva que a proposta de delação atingia políticos com foro privilegiado e que a palavra final para assinar o acordo com Cunha passaria para a Procuradoria Geral da República e a homologação ao ministro do STF Luiz Edson Fachin, relator da Lava Jato. Segundo a revista, um dos procuradores teria dito que a ideia era analisar a proposta em conjunto com os colegas para uma decisão de aceitar ou rejeitar a delação. Dois dias depois, o procurador Ronaldo Queiroz teria dito que o material é fraco. A revista afirma que, no dia seguinte, outro procurador, provavelmente Orlando Martello Júnior, teria expressado o posicionamento de Curitiba, que a revista destaca ter sido o mesmo de Moro: “Achamos que o acordo deve ser negado de imediato”.
Por G1
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