Situação de Bolsonaro torna-se a cada dia mais insustentável
A edição do Jornal Nacional da TV Globo na noite de sábado deixou claro essa solução como a mais provável e menos impactante do que qualquer outra. A edição do JN foi longa e apresentou a fase até então inédita dos trabalhos da CPI na noite de sexta-feira. A sessão terminou tarde e, com base nisso, o noticiário acrescentou ao quadro com a citação do nome do deputado Ricardo Barros como o articulador principal do propósito de aquisição das vacinas Covaxin da Índia.
COMPROMETIMENTO – A senadora Simone Tebet cobrou intensamente a convocação do parlamentar, já que também o deputado Luis Miranda, depois de vacilar em citar o líder do governo, terminou admitindo o comprometimento do parlamentar que praticamente apoiou os governos FHC, Lula, Dilma Rousseff , Michel Temer e, depois das urnas de 2018, embarcou na viagem bolsonarista.
Natália Portinari e Leandro Prazeres, O Globo deste domingo, colocam em destaque a presença de Ricardo Barros
na questão da vacina e acrescentam o fato de o atual governo possuir a múltipla presença do Centrão, e que tem Barros como seu integrante, controlando cargos relativos ao aparente combate à Covid-19.
Destacam ainda o rastro desastroso de mais de 500 mil mortes e uma contaminação diária na média de 60 mil pessoas, o que demonstra que o ministro Marcelo Queiroga não conseguiu conter o ciclo da pandemia que está conduzindo o país para um número gigantesco de novos casos a cada 24 horas.
SAÍDA LEGAL – Mas falei em saída legal para que se fechem as cortinas de mais um período profundamente crítico da história do Brasil. Dificilmente qualquer pedido de impeachment deverá ter curso já que o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, ao que tudo indica, não vai retirá-los da gaveta ou da memória dos computadores de Brasília e do Congresso. O fato, na minha opinião, é que a situação de Bolsonaro é insustentável, mesmo analisando-se a atmosfera a curto prazo.
Essa atmosfera torna-se cada vez mais densa, isolando o presidente da República da opinião pública e, portanto, da própria população e do eleitorado. Claro que Jair Bolsonaro não pensa em renunciar, pelo contrário. Sentindo-se batido nas urnas por Lula como o Ipec revelou e interiormente constatando o seu fracasso, registra uma decepção dos eleitores que o levaram a uma vitória em 2018. Sua faixa de apoio está restrita a pouco mais de 20% da opinião pública. Menos da metade do total de votos que alcançou quando derrotou Fernando Haddad por 57% a 43%.
Os eventos da política estão soprando fortemente na Esplanada de Brasília e segundo reportagem de Bela Megale, Jussara Soares e Dimitrius Dantas, no O Globo, 11 partidos resolveram se unir contra a ideia de Bolsonaro de substituir o voto eletrônico pelo retorno ao voto impresso. Um estratagema que Bolsonaro antecipou no caso de derrota para Lula alegar que o desfecho seria fraudulento. O presidente chegou a afirmar em relação à vitória de Joe Biden que Donald Trump havia perdido por uma fraude.
CONTRADIÇÃO – Neste ponto, há uma contradição. As eleições americanas desenrolam-se pelo voto impresso. Isso de um lado. De outro, o Tribunal Superior Eleitoral dirigiu-se a ele pedindo provas da fraude que ele afirma ter ocorrido em 2018.
Falei na renúncia como a única saída viável para o governo e para o país dentro da Constituição e da lei. Bolsonaro, entretanto, sentindo-se sem espaço, vai apelar para que um golpe possa mantê-lo no poder. Inclusive no editorial de ontem do O Globo, chama-se a atenção para tal impulso em um texto em que se refere ao Exército e às Forças Armadas. Não acredito que o Exército lhe dê cobertura e decida por um caminho golpista.
Mas o artigo faz um alerta importante. Nuvens produzem sombras e quase toda a nação está empenhada para que um horizonte possa voltar a ser contemplado com nitidez. (Por Pedro do Coutto / Tribuna da Internet).
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