terça-feira, 13 de outubro de 2020

Cientista político vê pleito de 2020 como eleição de transição

 


O cientista político Cláudio Couto participou de live

As forças que saírem vitoriosas das eleições municipais este ano são as que chegarão mais bem posicionadas a 2022. É nos municípios que começam a se desenhar as configurações da Câmara dos Deputados e assembleias legislativas estaduais. Em última instância, o resultado do pleito nas cidades define a correlação de forças que determinará o resultado da eleição presidencial.

Isso torna-se ainda mais significativo se considerarmos que o sentimento antipolítica que dominou as duas últimas eleições já não está tão forte. Ou seja, a política tradicional volta a ter importância.

A avaliação é do cientista político Cláudio Couto, que participou de live do Portal Vermelho nesta terça-feira (13). Couto é coordenador do mestrado profissional em Gestão e Políticas Públicas da Fundação Getulio Vargas (FGV) e produtor do podcast e canal no YouTube “Fora da política não há salvação”.

Esse discurso [antipolítica] já foi mais forte do que é hoje. Parte dessa perda de força tem a ver com uma decepção que uma parcela importante do eleitorado teve com o governo Bolsonaro. Mesmo no caso daqueles que começaram a apoiar agora, devido ao auxílio emergencial, não se trata de um apoio baseado na antipolítica, mas na percepção de que algumas políticas [governamentais] lhe são benéficas”, afirma o cientista político.


Com as preocupações sanitárias e econômicas trazidas pela pandemia, que levou a população a pensar em demandas reais e imediatas, Cláudio Couto também vê um pleito mais pragmático. “Acho que [será] mais [pragmático] do que há dois anos e mais do que há quatro anos. Mas ainda acho que é uma eleição de transição, em que a gente ainda vai ter elementos muito fortes de uma pauta ideológica exacerbada”, avaliou.


Para Couto, um indicativo de que a pauta ideológica ainda é forte é o número de candidaturas de policiais militares, por exemplo. Mas ele acredita que já se pode falar em um certo desgaste desse discurso raivoso junto à população que, desiludida com a aposta em outsiders e na antipolítica, está agora mais propensa a buscar soluções na política tradicional.

                 Bolsonaro e as alianças de ocasião


Justamente devido a esse cenário de retorno da política tradicional, a estratégia escolhida por Jair Bolsonaro nas eleições municipais, de formar alianças de ocasião com partidos de centro e não ter candidatos oficiais, adotando uma postura dúbia em relação aos nomes mais identificados com ele – como Marcelo Crivella (Republicanos-RJ) e Celso Russomanno (PSD-SP) – pode não ser tão acertada.


“Acho que ele [Bolsonaro] está tentando ir na boa. Se tem uma candidatura muito boa, ele embarca. Se não é muito forte, ele hesita nesse embarque para não se comprometer com aquela derrota”, disse Cláudio Couto. Se assim evita o desgaste de aparentar fragilidade, Bolsonaro também inviabiliza a formação de uma base sólida identificada com seu projeto.

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