terça-feira, 2 de agosto de 2016

Assassinatos crescem 34% na Capital enquanto outras cidades ficam menos violentas

Assassinatos crescem 34% na Capital enquanto outras cidades ficam menos violentas Omar Freitas/Agencia RBS

Barricadas em zonas conflagradas, como a Vila 27, na Cruzeiro, viraram rotina em Porto AlegreFoto: Omar Freitas / Agencia RBS
Eduardo Torres e Renato Dornelles

A música ao vivo já havia sido encerrada, e a festa se aproximava do fim. Cerca de cem pessoas permaneciam no local quando um bando armado chegou atirando a esmo. Em meio ao pânico, a jovem Mônica Pinto Soares, 19 anos, que comprava um lanche, usou o próprio corpo para proteger o filho de dois anos. Próximo a ela, o frentista Cesar Henrique Ferreira Rousselet, 37 anos, que vendia pastéis, foi atingido. Mônica e Cesar morreram no local. Foram as principais vítimas da invasão ao Pagode do Ipe, na Rua Comendador Eduardo Secco, no Bairro Jardim Carvalho, no dia 10 de janeiro. O ataque, na abertura do ano, deixava claro: Porto Alegre se tornou um território em guerra.

Como resultado disso, a cidade registrou aumento de 34,3% nos assassinatos na primeira metade do ano. Enquanto o primeiro semestre do ano demonstrou uma tendência de queda nos assassinatos na maior parte das cidades da Região Metropolitana, na Capital, estes números explodiram. Conforme o levantamento do Diário Gaúcho, pelo menos 407 pessoas foram assassinadas em Porto Alegre entre janeiro e junho deste ano.

Leia maisÓrgãos da Segurança Pública prometem ofensiva no Rubem Berta
Em julho, ritmo de assassinatos acelerou ainda mais em Porto Alegre
Quase 40% das vítimas em guerra de facções não tinham relação com a criminalidade
Como nasce uma facção: o surgimento de principais rivais dos Bala na Cara
Se, no ano passado, os crimes cometidos em Porto Alegre no primeiro semestre correspondiam a 37,5% de toda a Região Metropolitana, este índice saltou em 2016 para 48,8%. Significa dizer que, em cada dois assassinatos na região, um acontece na Capital. A constatação é de que, se Porto Alegre não fosse considerada no levantamento, as demais 18 cidades analisadas demonstrariam queda de 15,4% nos assassinatos.

ASSASSINATOS NO PRIMEIRO SEMESTRE*:
2011 — 559 mortes (36,1% em Porto Alegre)
2012 — 619 mortes (37,3% em Porto Alegre)
2013 — 605 mortes (35,2% em Porto Alegre)
2014 — 726 mortes (34,5% em Porto Alegre)
2015 — 807 mortes (37,5% em Porto Alegre)
2016 — 833 mortes (48,8% em Porto Alegre)
(*) Números de homicídios e latrocínios

Aquela máxima muito repetida em áreas conflagradas, de que "menos mal enquanto eles (criminosos) estiverem se matando entre eles" cada vez vale menos no conflito aberto em Porto Alegre. Pelo menos nove pessoas foram mortas por tiros a esmo nesses ataques durante o primeiro semestre.

— Criminosos chegam e vão atirando de forma aleatória. Me parece que saem para cumprir uma missão com um alvo específico. Mas, se não o encontram, não saem sem cumprir a missão de ataque. Atiram contra casas para matar inocentes mesmo — avalia o delegado Rodrigo Pohlmann, titular da 4ª DHPP.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Mulher morre e 44 pessoas ficam feridas após ônibus tombar na BR-040, em Minas

 Um acidente envolvendo um ônibus de turismo deixou uma pessoa morta e outras 44 feridas em Minas Gerais na madrugada deste domingo (10). O ...