BRASÍLIA — O vice-presidente Editoral do Grupo RBS, jornalista Marcelo Rech, foi eleito nesta quinta-feira presidente da Associação Nacional de Jornais (ANJ). Rech comandará a entidade durante os dois próximos anos em substituição ao atual presidente Carlos Fernando Monteiro Lindenberg Neto, diretor-geral da Rede Gazeta, do Espírito Santo. A nova diretoria toma posse em setembro.
Num discurso depois da eleição, Rech fez uma veemente defesa da liberdade de expressão e da importância dos jornais impressos e eletrônicos para a sociedade moderna. Para o novo presidente da ANJ, a internet abriu um vasto campo para a circulação de dados, mas facilitou também a difusão de boatos, meias verdades e todo tipo de mentira.
— Neste contexto, torna-se ainda mais relevante o papel dos jornais em apurar, organizar, hierarquizar e distribuir informações de qualidade.
Para o novo presidente da ANJ, os jornais têm o desafio de serem reconhecidos como “avalistas do cotidiano”:
— O que nos reserva então o futuro? Devemos ser, os jornais, em todas as suas formas e plataformas, muito mais que transmissores de notícias; devemos ser os certificadores profissionais da realidade. Em meio ao caos gerado pela abundância desinformativa, temos o desafio de sermos reconhecidos como avalistas do cotidiano, de sermos aqueles que, graças a conceitos éticos e técnicas profissionais, oferecem a todo instante, os atestados de veracidade para história", acrescentou.
Segundo Rech, a difusão da informação em larga escala está criando um paradoxo. Diante da profusão de dados, contaminados por interesses ideológicos, financeiros ou pessoais, muita gente acaba se sentindo desorientada.
— É aí, nessa falta informação confiável, nessa necessidade do público em saber onde está a verdade, é que nós chegamos à encruzilhada que separa a imprensa independente do resto. É aí que tomados a estrada da relevância de nossos conteúdos e de nossas marcas.
A partir deste ponto de vista, Rech sustenta que não há motivo para jornais se recolherem ou se assustarem com as transformações tecnológicas.
— Mais do que nunca as sociedades precisarão de informação independente e de qualidade, produzida regionalmente, contextualizada, interpretativa, com profundidade e agilidade necessárias para fazer a diferença no caos informativo —argumenta.
Rech também fez um alerta sobre perseguições a jornalistas e às constantes ameaças a liberdade de imprensa no Brasil. Para ele, o país ainda vive momentos sombrios no que diz respeito ao livre exercício da produção e distribuição de informação.
— De um lado, profissionais da comunicação são assassinados ou agredidos com frequência e impunidade intoleráveis. De outro, iniciativas travestidas de controle social da mídia ou democratização dos meios de comunicação pretendem, no fundo, garrotear a liberdade, fragilizar veículos independentes e criar uma impressa submissa a motivas ideológicas — afirmou.
O novo presidente da ANJ disse ainda não aceitar amarras ao livre exercício do jornalismo. "
— Sem imprensa livre e em segurança, não há democracia e não há verdadeiro desenvolvimento — afirma.
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