terça-feira, 24 de novembro de 2020

BISPOS DA UNIVERSAL SÃO PRESOS POR AGRESSÃO, DESACATO E VIOLAÇÃO DE DIREITOS HUMANOS EM ANGOLA Em meio a clima de guerra civil na igreja, partidários de Edir Macedo se envolvem em tumulto e agridem policiais.

 



TRÊS BISPOS ANGOLANOS e um brasileiro da Igreja Universal do Reino de Deus, ligados à cúpula brasileira da instituição, foram detidos e levados a julgamento sumário nesta segunda-feira, 23, na comarca de Benfica, no município de Belas, em Angola. Eles foram acusados de privação de direitos humanos, desacato à autoridade e agressões a agentes da Polícia Nacional Angolana.

Os bispos angolanos Antonio Ferraz, João Mário e José Caquinda e o brasileiro José Rocha foram detidos na quinta-feira, 18 de novembro, depois de se envolverem em um tumulto entre aliados e opositores da representação brasileira da Igreja Universal. A briga culminou em agressões ao comandante da polícia e a outros agentes. Um outro pastor brasileiro, identificado como Roberto dos Santos, foi acusado de agredir o comandante com socos e pontapés, segundo o jornal O País. Santos fugiu do local da confusão, segundo relataram testemunhas, e até ontem não havia sido encontrado.

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Dos quatro religiosos, detidos com outros quatro seguranças, um foi absolvido – o bispo João Mário. Os demais foram condenados a 45 dias de prisão. A pena, no entanto, foi convertida em multas de 280 kwanzas a cada um, o equivalente a 350 dólares. Roberto dos Santos e outro pastor brasileiro fugiram.

A polícia havia sido chamada para garantir a entrada de um pastor angolano – identificado como Fernando Alberto –, acompanhado de sua mulher e um filho recém-nascido, ao condomínio Laranjeiras, onde a família residia, no distrito de Talatona, província de Luanda. O condomínio pertence à Universal do Reino de Deus. Alberto foi impedido de entrar pelos pastores ligados à representação brasileira da igreja por se aliar ao grupo dissidente que rompeu com Edir Macedo.

Há um ano, bispos e pastores da Universal em Angola iniciaram um movimento de protesto, chamado por eles de Reforma, contra a cúpula brasileira da igreja. Os religiosos locais – mais de 300 de um total de 455 – assumiram o controle de 85% dos 331 templos da Universal no país. Parte dos pastores brasileiros retornou ao Brasil. Desde então, o clima entre os religiosos é de guerra civil.


Os reformistas, como se autointitulam, elaboraram um manifesto acusando a representação brasileira da prática de crimes como lavagem de dinheiro, evasão de divisas e expatriação ilícita de capitais, além de racismo, discriminação, abuso de autoridade, imposição da prática de vasectomia aos pastores e intromissão na vida conjugal dos religiosos. As denúncias passaram a ser investigadas pela Procuradoria-Geral da República de Angola e pelo SIC, o Serviço de Investigação Criminal, o equivalente a um misto entre as polícias civil e federal no país.

Ao ser barrado no condomínio, o pastor Alberto, apoiador da Reforma, foi  chamado pelos aliados da cúpula brasileira de “bandido” e “corrupto”, segundo o ex-pastor angolano da Universal Tavares Armando Cassinda. Durante mais de oito horas, o pastor, a mulher e o filho tentaram retornar à casa, sem sucesso. Alberto pediu então a ajuda de amigos, que acionaram a polícia. Os defensores da representação brasileira teriam concluído que os policiais estariam defendendo os “reformistas” e passaram a atacá-los, afirmou o ex-pastor Cassinda.

Um dos detidos, Antonio Ferraz, ligado à ala brasileira, se diz vice-presidente da Universal em Angola – cargo contestado pelo grupo rival. No tribunal, Ferraz negou envolvimento em agressões. “Eu fui ao encontro do comandante para explicar que os moradores não querem mais ter o ex-pastor Fernando Alberto como vizinho. A mais ou menos 100 metros, estavam mulheres de pastores formando um cordão pedindo que não o deixassem passar”, contou Ferraz ao jornal O País. Outro bispo, João Mário, disse que saiu de sua casa, no momento da confusão, para “ver o que se passava” e sua detenção teria ocorrido unicamente por ter se apresentado ao comandante da polícia como o responsável pelo condomínio, na ausência de Antonio Ferraz.

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