segunda-feira, 20 de julho de 2020

FAMAÇÃO SOB ENCOMENDA Jornalista preso pelo STF também é suspeito de vender ataques contra empresas que disputam contratos públicos milionários

       
Ojornalista, ativista e militante bolsonarista Oswaldo Eustáquio Filho é acusado na justiça de publicar reportagens mentirosas para atacar a reputação de ao menos duas empresas que disputam licitações públicas. Os textos acusam as firmas de serem “laranjas” de uma das maiores companhias do mercado financeiro brasileiro e de participarem de fraudes. A suspeita é de que Eustáquio agiu em favor de uma concorrente dessas empresas, a Infosolo, que disputa um mercado de pelo menos R$ 100 milhões ao ano.

O pagamento pelas reportagens seria maquiado com serviços de divulgação prestados por Eustáquio a subsidiárias da Infosolo. O envio de ao menos um dos press releases a veículos de comunicação foi pago por Sandra Terena, mulher de Eustáquio e assessora especial da ministra Damares Alves. Sandra Terena já estava lotada no Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos quando o dinheiro saiu de sua conta. Em maio, o salário líquido da assessora no ministério foi de R$ 17.030,07.

A Infosolo, que mudou de nome e atualmente se chama Logo IT, confirmou ao Intercept ter contratado os serviços do jornalista. Ela é uma das principais fornecedoras de tecnologia da informação a Departamentos de Trânsito do país. Seus concorrentes foram atacados pelas reportagens de Eustáquio, conforme acusação formal na justiça à qual tivemos acesso.

Nos textos que são contestados nos tribunais, Eustáquio acusa as empresas Tecnobank, Place TI e B3 de corrupção. O ativista afirma nas matérias ter provas e gravações contra as empresas a quem acusa, mas jamais as publicou. O código de ética dos jornalistas é claro ao afirmar que “o compromisso fundamental do jornalista é com a verdade dos fatos, e seu trabalho se pauta pela precisa apuração dos acontecimentos e sua correta divulgação”.

Boa parte das matérias, publicadas num pequeno jornal da região metropolitana de Curitiba chamado Agora Paraná, foi retirada do ar. O sumiço foi notado logo após o jornalista ser preso por ordem do Supremo Tribunal Federal. Conseguimos baixar cópias das publicações graças a sites que armazenam links removidos da internet.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Mulher morre e 44 pessoas ficam feridas após ônibus tombar na BR-040, em Minas

 Um acidente envolvendo um ônibus de turismo deixou uma pessoa morta e outras 44 feridas em Minas Gerais na madrugada deste domingo (10). O ...