“Discursos ideológicos não farão a economia voltar a andar. São urgentes medidas efetivas, abrangendo crédito, reservas internacionais e política industrial. País exaurido com recessão e desemprego”, diz o governador no Twitter.
Flávio Dino tem razão. E não há descomedimento na sua análise. Para não ficar no discurso de Bolsonaro na ONU, quando o aspecto ideológico prevaleceu, vale destacar as bizarrices do secretário de Produtividade, Emprego e Competitividade do Ministério da Economia, Carlos Alexandre da Costa.
Durante o 5º Congresso Brasileiro da Indústria de Máquinas e Equipamentos, realizado nesta segunda-feira (30), em São Paulo, ele destacou que “uma série de políticas públicas estavam transformando o Brasil em um país socialista”.
Para o espanto da plateia, Carlos Costa classificou o eSocial (sistema unificado do governo com informações sobre os trabalhadores) e o Bloco K (registro de controle da produção e do estoque) como ferramentas socialistas.
O anacronismo do secretário não parou por aí. Segundo ele, “o crescimento econômico do Brasil foi interrompido por políticas que queriam levar o país para o socialismo, entre o final de década de 1950 e início dos anos 1960, mas que se recuperou a partir dos governos militares”.
“A gente não pode ficar nessa disputa entre capitalismo versus socialismo dos anos 70”, afirmou no evento a economista Cristina Fróes de Borja Reis, pós-doutoranda na Technische Universität Berlin (Alemanha), que, segundo o jornal Folha de S.Paulo, foi aplaudida pela plateia ao criticar a fala do secretário.
Na mesma linha de entendimento do governador maranhense, alguns setores da indústria começam a criticar a falta de medidas.
“Não é só a macroeconomia que vai resolver o problema brasileiro. Precisamos de uma faísca que faça o país andar de novo. Vamos postergar esse ajuste fiscal por uns dois anos, pegar dinheiro do pré-sal e colocar em infraestrutura", disse José Ricardo Roriz Coelho, presidente da Abiplast (associação da indústria do plástico), que classificou como lenta a ação do governo na área econômica.
Segundo a reportagem, Júlio de Almeida, diretor-executivo do IEDI (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial), afirmou que “vários países voltaram a fazer política industrial e criticou o direcionamento atual de redução do tamanho do BNDES. “O BNDES ainda é muito importante. O pessoal foi com muita sede ao pote em destruir o BNDES”, afirmou.
Queda da atividade industrial
Na falta de medidas concretas, o jornal Estado de S.Paulo aponta que enquanto a produção industrial no resto do mundo cresceu 10% desde 2014, a atividade nas fábricas brasileiras caiu 15% no mesmo período – e não recuperou o patamar em que estava antes da recessão.
“Se nada for feito, de acordo com economistas, o Brasil corre o sério risco de deixar de estar entre os dez maiores países industriais do mundo”, diz o porta-voz da elite paulista.
Os reflexos são o aumento do desemprego e o crescimento da pobreza. Depois de quase dois anos, por exemplo, voltou a ter fila de espera para o Bolsa Família, o maior programa brasileiro de distribuição de renda.
“Conseguimos terminar com a fila. Agora está voltando a fila de novo em função da nossa dificuldade orçamentária”, disse o ministro da Cidadania, Osmar Terra, durante audiência na Comissão Mista de Orçamento (CMO) do Congresso.
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