O escritor Paulo Coelho falou, nesta quarta-feira (23/10), sobre a revelação que o cantor Raul Seixas o teria entregado à ditadura, feita no livro "Não Diga que a Canção Está Perdida", do jornalista Jotabê Medeiros. "Fiquei quieto por 45 anos. Achei que levava segredo para o túmulo", comentou no perfil do Twitter, sem dar maiores detalhes sobre o assunto. O lançamento da obra está previsto para o dia 1º de novembro.
Foto: reprodução/Twitter.
Em poucas horas, os nomes de Paulo e Raul se tornaram o 11º e o 12º assuntos mais comentados do Brasil no Twitter. "Raul Seixas cancelado", se revoltou uma internauta. "Não faça isso. Eu vi os documentos que Jotabê me enviou, já tinha conversado com Raul a esse respeito (um dia que ele estava, digamos...) e águas passadas não movem moinhos", amenizou o escritor. Segundo o jornal Folha de São Paulo, ele se recusou a participar da construção do livro. "Não sou o tipo de pessoa que gosta de ficar olhando para chagas que já cicatrizaram", respondeu ao jornalista, ao negar o convite.
Embora nunca tenha citado o episódio com o cantor, esta não é a primeira vez que Paulo Freire se manifesta sobre o período da ditadura militar em que foi capturado e torturado nas redes sociais. Em uma das publicações no Twitter, de março deste ano, o escritor chegou a divulgar fotos do documento da prisão. "Fui preso três vezes, em uma delas torturado. Família desesperada. Motivo da prisão: "compositor", desabafou, levantando a hashtag #DitaduraNuncaMais.
Foto: divulgação/Twitter.
ENTENDA
O jornalista Jotabê Medeiros deu início ao livro a partir de documentos encontrados no Arquivo Público do Rio de Janeiro, ainda segundo a Folha. Em maio de 1974, Raul Seixas foi chamado mais de uma vez para depor no Dops, o Departamento de Ordem Política e Social da ditadura militar, sobre as músicas feitas em parceria com Paulo Coelho. O cantor teria chamado o escritor, (que havia composto músicas para o artista), para acompanhá-lo e ajudá-lo com os esclarecimentos.
De acordo com o livro, Raul tentou dar um recado cifrado à Paulo, que não entendeu a mensagem e foi chamado para o interrogatório, com perguntas sobre o livreto do disco "Krig-ha, Bandolo!" e a Sociedade Alternativa cantada no disco. Após o acontecido, a namorada do escritor foi presa no apartamento dele. No dia seguinte, após ser liberado pelo Dops, Paulo foi capturado mais uma vez e torturado por 15 dias.
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