“Jamais esperávamos isso dele. Podia ser qualquer pessoa, menos aquela que cuidou desde os primeiros momentos de vida”, disse Adriana Alves, tia materna de Aline Alves Melo, de 14 anos, que teve o corpo velado na manhã de segunda-feira (7) por amigos e familiares.
Adriana conta que Anderson cuidou de Aline desde os primeiros anos de vida da menina. “Ele sempre esteve presente e por isso não tem como ‘moldar’ a índole de alguém que faz de tudo pra te ajudar. Imaginávamos que ele visse nela o irmão [pai de Aline] que perdeu, e talvez queria recompensar a perda cuidando dela. Mas, infelizmente, aconteceu essa fatalidade de forma brutal e não vamos deixar que fique impune”, declarou a mulher.
Questionada sobre a possível premeditação de Anderson ao pedir permissão da mãe de Aline para visitar a avó doente, Adriana confirma a versão e reforça que somente ele é quem pode confirmar se o que fez foi planejado. “Confirmamos a versão. Ele quem pediu da minha irmã pra Aline visitar a mãe dele que está doente. A princípio, ela nem queria ir, mas depois de muita insistência acabou indo ao encontro do tio. Lá, ela havia se queixado de dor de barriga e foi nessa hora que ele dopou e assassinou minha sobrinha”, contou a tia da vítima.
Agora, a família de Aline anseia por justiça e diz acreditar na ‘lei da semeadura’, apesar de desacreditar um pouco na ‘lei dos homens’, segundo a tia da adolescente. “Queremos justiça! É doloroso porque sabemos como é a ‘lei da terra’, mas acreditamos também que se ele semeou irá colher, foi uma escolha dele… mesmo sendo dolorosa, ele vai colher o que fez”, lamentou a mulher.
O caso
Aline Alves de Melo, de 14 anos, foi dopada, violentada e morta pelo próprio tio, o técnico em enfermagem Anderson Magno da Silva, 40. O crime aconteceu na noite do último sábado (5), na casa do próprio suspeito, que fica localizada na rua Cunha Melo, bairro Petrópolis, Zona Sul da capital.
Segundo o delegado Paulo Martins, titular da Delegacia Especializada em Homicídios e Sequestros (DEHS), no dia do crime, Anderson teria levado a sobrinha junto com a filha e a ex-companheira para jantarem em um shopping da cidade. Após o passeio, ele teria retornado para a residência onde mora em companhia da vítima.
Em depoimento à polícia, o suspeito contou ainda que, na ocasião, Aline teria ido tomar banho e, ao retornar do banheiro, a adolescente passou a se queixar de dores abdominais.
O suspeito, então, aplicou uma medicação intravenosa na adolescente, que veio a adormecer. Anderson, por sua vez, se aproveitou da situação para abusar sexualmente da menina.
À polícia, o suspeito relatou que, no momento em que estava sendo estuprada, Aline teria acordado e tentado se desvencilhar dele com chutes. “Ele [Anderson] afirma que, posteriormente, ela [Aline] adormeceu novamente. Nesse adormecer, ela acabou se afogando no próprio vômito e faleceu”, disse Paulo Martins.
Investigações
Conforme o delegado Raphael Campos, adjunto da DEHS, as investigações iniciaram logo após a polícia ser comunicada da morte de Aline.
“Foi identificado que a vítima tinha vestígios de violência sexual. O tio dela estava no hospital, foi conduzido à delegacia e confessou o crime. A vítima acabou falecendo por asfixia mecânica. Ela estava sozinha na casa com ele, mas ele diz que foi a primeira vez que cometeu esse ato”, informou Campos.
Indiciamento
Anderson foi indiciado por estupro e feminicídio. Ao término dos procedimentos cabíveis, ele foi levado para audiência de custódia no Fórum Ministro Henoch da Silva Reis.
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