quarta-feira, 4 de setembro de 2019

Assédio sexual na Polícia Civil: agentes e escrivães fazem campanha e protestam na Piedade


Policiais civis baianos realizaram nesta quarta-feira (04/09) um ato contra os casos recorrentes de assédio moral e sexual, em frente ao prédio da instituição, na praça da Piedade, em Salvador. Representantes do Movimento Juntos Somos + Fortes, composto pelo Sindpoc, Unipol, Assipoc, Sindpep e Aepeb, denunciaram que agentes, peritos delegados e escrivães estão sofrendo problemas psicológicos como ansiedade, depressão e síndrome de burnout devido aos constantes assédios. A categoria alerta que há também casos de suicídio. Uma campanha sobre o problema foi lançada com o objetivo de estimular as denúncias.

“Por falta de informação, muitas vezes, os policiais não conseguem identificar que estão sendo vítimas de assédio. Por isso, as entidades resolveram fazer a campanha para esclarecer, informar e estimular os servidores a fazerem suas denúncias e, de uma certa forma, também queremos tentar inibir os assediadores”, destaca o presidente do Sindpoc, Eustácio Lopes.

O investigador e presidente da Assipoc, Ary Alves, denuncia que o nível de assédio moral na Polícia Civil é tão elevado que chega ao ponto dos servidores sentirem medo de emitir opinião durante o horário de expediente por terem receio de serem retirados da escala extra. “Os investigadores e escrivães recebem menos de 30% do salário dos delegados. Assim, acabamos nos submetendo totalmente aos delegados para não perdermos a escala extra que nos ajuda na remuneração do final do mês”, aponta o servidor.

Para o investigador e representante da Unipol, Denilson Campos Neves, o problema do assédio moral e sexual é estruturante na Polícia Civil baiana, não configura-se como algo pontual, como exceção. Muito pelo contrário, apresenta-se como uma regra. “A campanha vai denunciar e revelar as vísceras da Polícia Civil! Precisamos encontrar políticas institucionais que apresentem soluções para esse problema que vem adoecendo os policiais civis e que interfere diretamente na qualidade do serviço que é prestado à sociedade”, defende o servidor.
O presidente da Associação dos Escrivães (AEPEB), Luis Carlos, afirma que o assédio foi naturalizado nas relações institucionais da Polícia Civil e denuncia os constantes desvios de função os quais os servidores são submetidos cotidianamente. “Querem obrigar o servidor a realizar atribuições que não são da sua competência. Quando ele se recusa, é assediado e ainda tem que responder à sindicância ou Processo Administrativo. Precisamos de um ambiente de trabalho saudável onde cada um exerça as funções que lhe foram atribuídas”, argumenta o escrivão, ao ressaltar que o assédio sexual atinge tanto as mulheres como os homens na Polícia Civil.

A perita técnica e presidente do Sindpep, Clarissa Gomes, destaca que o assédio não causa danos apenas ao servidor que está sendo assediado, gera danos à toda estrutura familiar que se envolve emocionalmente e adoece junto com o servidor. “O Estado precisa olhar seriamente para essa questão do assédio e os prejuízos que vem causando há muito tempo”, frisa.

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