ra Gomes Pinheiro, 24, natural de Manaus, Amazonas. Transtornada, ela resolveu buscar ajuda nas redes sociais depois que Guilherme, de apenas oito anos, foi retirado dos braços dela na última quarta-feira (4), durante uma viagem que fizeram a São Paulo para tratar da condição do pequeno ‘Gui’ – como é carinhosamente chamado pela mãe – que há seis anos sofre com uma doença ainda não diagnosticada pelos médicos.
À equipe de reportagem do Manaus Alerta, Jussara conta que médicos do Hospital Municipal Vila Santa Catarina (SP), responsáveis pelo tratamento de Guilherme, estão tentando provar na Justiça que ela sofre da Síndrome de Münchhausen – um transtorno factício do qual o indivíduo que possui tal condição finge doenças ou traumas psicológicos para chamar atenção, podendo chegar ao ponto de induzir drogas, toxinas ou objetos para simular uma doença e convencer os profissionais de saúde a fazerem um diagnóstico.
“Os médicos alegaram que eu tenho uma doença, um distúrbio mental. Eles disseram que eu não tinha como cuidar do meu filho, simplesmente tiraram ele de mim e levaram para um abrigo que não me informaram sequer o nome”, conta Jussara. “Eles acreditam que eu estive manipulando meu filho durante esse tempo todo. Eu jamais faria algo assim”, afirma.
A dona de casa relata que não tem notícias do filho há três dias. “Quando levaram o Gui, disseram que já tinha uma audiência marcada para o dia 9 de setembro (segunda-feira). Depois, eles [médicos] mostraram um documento alegando que o hospital tinha dado entrada em um processo para tirar a guarda do meu filho. Ainda pediram para eu não divulgar nada sobre isso porque era segredo de Justiça. Mas eu não vou me calar. Preciso ver o Gui, saber dele”, desabafa.
Jussara Gomes Pinheiro, 24, ao lado do filho Guilherme, de oito anos - Foto: Divulgação“Eu só quero meu filho de volta”, diz emocionada a dona de casa Jussa
Guilherme sofre de uma doença ainda sem diagnóstico reconhecido por especialistas de Manaus – Foto: Divulgação
Tratamento
No dia 19 de julho, Guilherme e a mãe saíram de Manaus em busca de ajuda para a condição do menino. Eles chegaram em São Paulo no dia 21 daquele mês e se hospedaram na casa de uma família desconhecida. No dia 31 de julho, a criança deu entrada no hospital municipal para dar início ao tratamento de introdução alimentar.
Hospital Municipal Vila Santa Catarina – Foto: Reprodução
A mãe do menino explica que o corpo de Guilherme demorou de uma a duas semanas para aceitar os alimentos introduzidos. “Os médicos resolveram dar continuidade ao tratamento com o Gabapentina (medicamento indicado para epilepsia e dores neuropáticas), que havia sido receitado pela alergista do hospital, mas diminuíram a dosagem para constatar se realmente era a medicação fazendo efeito”.
Jussara conta ainda que, após diminuírem a dosagem da medicação, a criança começou a se queixar da coceira novamente, dizendo que havia aumentado. “Relatei isso a eles, que examinaram o bumbum do meu filho somente por fora, sendo que a coceira era interna, e alegaram que não tinha nada e que eu não deveria me preocupar. Foi aí que esse pesadelo começou”, relembra a mulher.
Guarda retirada
Jussara relata que, na última quarta-feira (4), por volta das 14h, a direção do hospital se dirigiu até ela e apresentou um Pedido de Medida de Proteção. “Eles apenas me mostraram o papel, mas não me deram a cópia do documento e nem pediram para assinar nenhuma liberação de alta do Gui”.
Ela conta ainda que, na noite de quarta-feira, se dirigiu até uma delegacia, onde registrou um Boletim de Ocorrência (B.O.). “No dia seguinte, retornei ao hospital com a polícia para pegar o documento que eles tinham usado para tirar o meu filho de mim. Logo depois eu procurei a Defensoria Pública, que registrou a minha defesa e arquivou toda a documentação”, explica a jovem.
A audiência está marcada para o dia 9 de setembro (segunda-feira), para que Jussara possa tentar provar na Justiça que está apta a cuidar do filho.
A equipe de reportagem do Manaus Alerta tentou entrar em contato com a assessoria do hospital citado, porém, não obtivemos resposta.
Doença sem diagnóstico
A mãe de Guilherme relata que a dieta do menino é muito restrita. O menino só pode comer peito de frango e arroz no almoço. Já no café da manhã, o pequeno Gui se alimenta apenas de mingau de arroz com um pouco de açúcar. Ao ingerir alimentos básicos como macarrão e pão, por exemplo, a criança alega sentir uma coceira “muito forte”.
“Ele [Guilherme] começou a reclamar de uma coceira intensa no reto quando tinha apenas dois aninhos. Já são seis anos sofrendo com isso e os médicos não conseguem descobrir o que é”, relata a jovem.
Por ver o sofrimento do filho, Jussara resolveu pedir ajuda nas redes sociais para arcar com o tratamento de Guilherme, que seria feito em São Paulo. Em abril deste ano, ela criou um perfil no Instagram para mostrar como era a rotina do menino.
Por Narel Desiree
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