Material dos peritos mostram que riminosos acertaram capitão a 43 metros de distância (Fotos: Portal Infonet)
Quase um mês e meio após o assassinato do comandante da Companhia de Policiamento em Área de Caatinga (Ciopac), capitão Manoel Alves de Oliveira Santos, a Secretaria de Segurança Pública (SSP/SE) apresentou, nesta quarta-feira, 23, os detalhes das investigações que culminaram nas prisões de três pessoas e mortes de outras dez, acusadas de envolvimento na morte do PM. Na presença do governador Belivaldo Chagas [PSD], as autoridades policiais confirmaram que o assassinato do capitão se tratou da ‘maior afronta’ à polícia sergipana por parte de um grupo criminoso. O carro do capitão foi atingido por 72 disparos – 12 deles atingiram a vítima.
Coletiva com detalhes da investigação ocorreu nesta quarta-feira
Segundo aponta a investigação, que teve o próprio secretário de Segurança Pública como coordenador, João Eloy, o capitão Oliveira foi assassinado como espécie de retaliação e vingança ao trabalho da Caatinga no alto sertão sergipano e nas fronteires estaduais. Em meados de 2017, inclusive, a Companhia liderada pelo capitão chegou a deflagar operações contra o tráfico de drogas e crime de pistolagem naquela região, atingindo diretamente o grupo acusado de articular a sua morte.
Érico explica que perícia encontrou 72 disparos na lataria do carro
Coletiva |
Os peritos do Instituto de Criminalística que atuaram na investigação, conseguiram apurar que, na madrugada do dia 5 de abril, dia da morte do capitão, uma emboscada já estava planejada contra a vítima. “Não havia marca de frenagem brusca na pista. De alguma forma ele parou naturalmente na via porque foi atraído por algo. Reduziu a velocidade e foi emboscado”, explicou o delegado Dernival Eloi, lembrando que os criminosos utilizavam fardas da PM. Nesse momento, dois veículos Corollas bloquearam o carro do capitão e se iniciou a sequência de disparos. “Identificamos 72 disparos na lataria do carro de pelo menos três calibres diferentes: .40, 38 e calibre 12. Pelo menos doze disparos atingiram a vítima”, afirmou o perito Érico Santos.
Segundo a perícia, os tiros foram efetuados a uma distância de 43 metros na lateral esquerda da vítima. O capitão chegou a revidar com a sua carabina 556, mas o fuzil travou no sexto tiro. Para a perícia, a explicação do ‘travamento’ da arma está nos disparos que atingiram o ‘pente’ de munições da carabina. Um dos tiros do PM atingiu um dos carros do criminosos. A polícia não descarta a hipótese de que o disparo tenha atingido algum dos envolvidos na exucação, possivelmente ainda foragido.
Os presos
Durante a coletiva, o delegado Dernival Eloi afirmou que, naquela madrugada de 5 de abril, estavam presentes no momento da execução Jackson dos Santos, 30 anos, apontado como líder da associação criminosa; Renan Oliveira Santos, 26, apelidado de Cavalo do Cão; Edu dos Santos Oliveira, 38; Ernane da Mota Pereira, 30, conhecido como Alemão; e Antônio Braz dos Santos Neto, 46 anos, ex- policial militar expulso da corporaçãoe acusado de envolvimento no assassinato do deputado estadual Joaldo Barbosa. Os cinco foram mortos em confronto com a polícia, durante a Operação Rubicão, no último final de semana, em Sergipe e no interior da Bahia.
Outros cinco homens morreram no decorrer da Operação, ambos acusados de envolvimento no crime. “Os irmãos Osmar de Lima Nunes, 23, e Lucas de Lima nunes, 22, teriam dado suporte aos executores do crime, inclusive queimando um dos Corollas utilizados na execução; José Cláudio Teles Ferreira, 31, e Aldair Santos Hora, 20, segundo a polícia, resistiram a voz de prisão efetuando disparos contra a polícia, e José da Silva, vulgo ‘Zé de Mané Doidão’, pai de Jackson, também foi morto em confronto. Ele e o filho tinham fugido para o extremo oeste da Bahia.
Três pessoas estão presas: Izaiane Maiara Menezes Neto, 32, esposa de Jackson; Marcones Silva Lima, 33, acusado de dar suporta para fuga de Jackson e o pai, e Jasson Souza de Jesus, 23.
Afronta à Polícia
Apesar de acreditar que a base do grupo criminoso está desarticulada, a Polícia ainda busca mais informações para identificar possíveis outros membros. O secretário de Segurança Pública, João Eloy, garantiu a continuidade das investigações. “Assassinar o comandante de uma Caatinga porque ele está fazendo seu serviço é absurdo. Enquanto eu estiver à frente da Segurança Pública, não vou permitir [que saiam impunes]”, pontuou.
Por Ícaro Novaes
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