quarta-feira, 23 de maio de 2018

Capitão Oliveira revidou com tiros, mas fuzil travou


Material dos peritos mostram que riminosos acertaram capitão a 43 metros de distância (Fotos: Portal Infonet)

Quase um mês e meio após o assassinato do comandante da Companhia de Policiamento em Área de Caatinga (Ciopac), capitão Manoel Alves de Oliveira Santos, a Secretaria de Segurança Pública (SSP/SE) apresentou, nesta quarta-feira, 23, os detalhes das investigações que culminaram nas prisões de três pessoas e mortes de outras dez, acusadas de envolvimento na morte do PM. Na presença do governador Belivaldo Chagas [PSD], as autoridades policiais confirmaram que o assassinato do capitão se tratou da ‘maior afronta’ à polícia sergipana por parte de um grupo criminoso. O carro do capitão foi atingido por 72 disparos – 12 deles atingiram a vítima.

                      Coletiva com detalhes da investigação ocorreu nesta quarta-feira

Segundo aponta a investigação, que teve o próprio secretário de Segurança Pública como coordenador, João Eloy, o capitão Oliveira foi assassinado como espécie de retaliação e vingança ao trabalho da Caatinga no alto sertão sergipano e nas fronteires estaduais. Em meados de 2017, inclusive, a Companhia liderada pelo capitão chegou a deflagar operações contra o tráfico de drogas e crime de pistolagem naquela região, atingindo diretamente o grupo acusado de articular a sua morte.
                            Érico explica que perícia encontrou 72 disparos na lataria do carro 

Coletiva 
Os peritos do Instituto de Criminalística que atuaram na investigação, conseguiram apurar que, na madrugada do dia 5 de abril, dia da morte do capitão, uma emboscada já estava planejada contra a vítima. “Não havia marca de frenagem brusca na pista. De alguma forma ele parou naturalmente na via porque foi atraído por algo. Reduziu a velocidade e foi emboscado”, explicou o delegado Dernival Eloi, lembrando que os criminosos utilizavam fardas da PM. Nesse momento, dois veículos Corollas bloquearam o carro do capitão e se iniciou a sequência de disparos. “Identificamos 72 disparos na lataria do carro de pelo menos três calibres diferentes: .40, 38 e calibre 12. Pelo menos doze disparos atingiram a vítima”, afirmou o perito Érico Santos.


Segundo a perícia, os tiros foram efetuados a uma distância de 43 metros na lateral esquerda da vítima. O capitão chegou a revidar com a sua carabina 556, mas o fuzil travou no sexto tiro. Para a perícia, a explicação do ‘travamento’ da arma está nos disparos que atingiram o ‘pente’ de munições da carabina. Um dos tiros do PM atingiu um dos carros do criminosos. A polícia não descarta a hipótese de que o disparo tenha atingido algum dos envolvidos na exucação, possivelmente ainda foragido.

Os presos
Durante a coletiva, o delegado Dernival Eloi afirmou que, naquela madrugada de 5 de abril, estavam presentes no momento da execução Jackson dos Santos, 30 anos, apontado como líder da associação criminosa; Renan Oliveira Santos, 26, apelidado de Cavalo do Cão; Edu dos Santos Oliveira, 38; Ernane da Mota Pereira, 30, conhecido como Alemão; e Antônio Braz dos Santos Neto, 46 anos, ex- policial militar expulso da corporaçãoe acusado de envolvimento no assassinato do deputado estadual Joaldo Barbosa. Os cinco foram mortos em confronto com a polícia, durante a Operação Rubicão, no último final de semana, em Sergipe e no interior da Bahia.

Outros cinco homens morreram no decorrer da Operação, ambos acusados de envolvimento no crime. “Os irmãos Osmar de Lima Nunes, 23, e Lucas de Lima nunes, 22, teriam dado suporte aos executores do crime, inclusive queimando um dos Corollas utilizados na execução; José Cláudio Teles Ferreira, 31, e Aldair Santos Hora, 20, segundo a polícia, resistiram a voz de prisão efetuando disparos contra a polícia, e José da Silva, vulgo ‘Zé de Mané Doidão’, pai de Jackson, também foi morto em confronto. Ele e o filho tinham fugido para o extremo oeste da Bahia.

Três pessoas estão presas: Izaiane Maiara Menezes Neto, 32, esposa de Jackson; Marcones Silva Lima, 33, acusado de dar suporta para fuga de Jackson e o pai, e Jasson Souza de Jesus, 23.
Afronta à Polícia
Apesar de acreditar que a base do grupo criminoso está desarticulada, a Polícia ainda busca mais informações para identificar possíveis outros membros. O secretário de Segurança Pública, João Eloy, garantiu a continuidade das investigações. “Assassinar o comandante de uma Caatinga porque ele está fazendo seu serviço é absurdo. Enquanto eu estiver à frente da Segurança Pública, não vou permitir [que saiam impunes]”, pontuou.
Por Ícaro Novaes

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