segunda-feira, 3 de outubro de 2016

Militares presos usavam telefone da Presidência para acertar roubos

(Foto: Reprodução)

(Foto: Reprodução)
Os três militares do Exército presos suspeitos de assaltar pelo menos seis pessoas em Brasília usavam telefones da Presidência da República, onde trabalhavam, para combinar os crimes. Em uma conversa obtida pela polícia, um deles chega a orientar que os parceiros levem uma camisa de cor diferente da que usam no expediente para não levantar suspeitas. De acordo com a Polícia Militar, eles utilizavam pistolas das Forças Armadas para roubar dinheiro, celulares e objetos pessoais de pedestres em Ceilândia.
“Bora fazer o bagulho certo, pô, entendeu. Sem deixar pista para ninguém, tá ligado. Traz uma camisa sobrando de outra cor, entendeu, e guarda a do serviço, pô. Já evita fofoca dos caras. Ah, os cara tavam com camisa de tal, entendeu? [...] Traz outra camisa, então, negão. Traz uma blusa social, camisa sem manga, ou com manga curta, qualquer uma, moço, traz qualquer uma, não precisa estar os três igualzinho, não”, diz um integrante do trio.

Um deles criticou o fato de usarem os ramais da Presidência para articular os crimes. “E outra coisa. Já falei pra vocês, vamos parar com essa p* de ficar ligando na p* do ramal aqui, negão. Quer falar? É privado, meu irmão, privado”, reclamou.

Entenda o caso

No momento da prisão, os homens estavam com distintivos e crachás do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência da República. O órgão confirmou ao G1 que os suspeitos pertencem ao quadro de funcionários.

Segundo o GSI, os homens eram agentes de segurança das instalações, e controlavam o acesso à presidência da República em prédios como o Palácio do Planalto, o Palácio da Alvorada e a Granja do Torto. Eles não faziam a guarda direta do presidente Michel Temer.

Vinculado diretamente ao Palácio do Planalto, o Gabinete de Segurança Institucional é responsável pela segurança do presidente da República e pela coordenação dos serviços de inteligência federal, entre outras atribuições.

A ocorrência foi registrada na 23ª Delegacia de Polícia (P Sul). Em seguida, os homens foram encaminhados ao Batalhão de Polícia do Exército, onde permaneciam presos até o fim da manhã desta segunda-feira (3). Segundo o GSI, os militares devem ser afastados da corporação para responder pelos crimes na Justiça comum.

De acordo com o registro policial, os homens admitiram que "saíram para fazerem umas 'correrias' (arrastão em via pública) e depois retornavam para o local de trabalho para cumprirem a escala de serviço".

Os homens têm idades entre 20 e 21 anos e foram abordados na quadra 18 de Ceilândia Norte, por volta das 21h. Segundo a PM, eles tentaram se passar por policiais civis para evitar as perguntas. Com os militares, a polícia encontrou correntes e seis celulares que teriam sido roubados na região. Pelo menos seis vítimas e uma testemunha já tinham reconhecido os suspeitos.

A PM também apreendeu três pistolas 9 mm, de uso exclusivo das Forças Armadas, seis carregadores (pentes) para as armas, um colete à prova de balas, cerca de R$ 960 e porções de maconha que estavam com os militares do Exército.

A ocorrência registrada na Polícia Civil lista os crimes de roubo, porte ilegal de arma de uso restrito, usurpação de função pública e porte de drogas para consumo próprio.

Confira a nota enviada pelo Gabinete de Segurança Institucional:

“1. O Gabinete de Segurança Institucional (GSI) confirma a prisão pela PMDF de três militares - encarregados da segurança de instalações da Presidência da República - envolvidos em assalto na cidade satélite de Ceilândia, na noite de ontem [sexta-feira].
2. No momento, os militares estão presos no Batalhão de Polícia do Exército de Brasília e o fato está sendo apurado, com o rigor que as circunstâncias exigem, de acordo com a legislação vigente, pelo GSI e pelo Comando Militar do Planalto.”

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