As autoridades estão em alerta após o aumento do número de pessoas com suspeita de síndrome de Haff nos estados do Amazonas e da Bahia. A Síndrome de Haff, conhecida como doença da “urina preta”, é causada por uma toxina que pode ser encontrada em determinados peixes e crustáceos. A substância gera danos no sistema muscular e em órgãos como rins. As informações são do R7.
Ao menos 25 casos estão em análise, sendo 19 deles na cidade de Itacoatiara (AM) e outros seis em cinco municípios baianos: Alagoinhas, Simões Filho, Maraú, Mata de São Jorge e Salvador.
De acordo com a vigilância sanitária, no Amazonas a suspeita é que os infectados tenham consumido peixes de água doce. Dos 19 casos em Itacoatiara, oito estão internados.
Já a diretora da vigilância epidemiológica da Bahia, Márcia São Pedro, explicou que os casos ainda estão em investigação e os alimentos consumidos pelos pacientes estão passando por análise laboratorial. “Os pacientes podem apresentar rabdomiólise por outras causas”, ressaltou Márcia.
Síndrome de Haff
A “doença da urina preta” se constitui em um tipo de rabdomiólise, nome dado para designar uma síndrome que gera a destruição de fibras musculares esqueléticas e libera elementos de dentro das fibras (como eletrólitos, mioglobinas e proteínas) no sangue.
O nome foi dado em razão da descoberta da doença em um lago chamado Frisches Haff, na região de Koningsberg em 1924. O território, à beira do Mar Báltico, pertencia à Alemanha, mas foi incorporado à Rússia posteriormente, constituindo um enclave entre a Polônia e a Lituânia.
A doença de Haff gera uma rigidez muscular. Além disso, frequentemente ocorre como consequência o aparecimento de uma urina escura em função da insuficiência renal, razão pela qual essa expressão é utilizada para se referir à enfermidade.
Em artigo sobre a doença, médicos do Hospital São Lucas Copacabana explicam que ainda não houve confirmação sobre a natureza da toxina constante nos peixes cuja ingestão provocou a doença. Em alguns livros, ela está associada ao envenenamento por arsênico.
Ao G1, a infectologista Mariana Tassara explicou que a toxina pode ser desenvolvida em peixes crus ou cozidos, já que ela é termoestável, ou seja, não é eliminada em altas temperaturas. “O acondicionamento desse peixe pode causar essa toxina que provoca a intoxicação alimentar. Por ser uma síndrome bem rara, não é preciso ter pânico”, explicou a médica.
Ainda conforme os especialistas, a toxina não tem nem gosto nem cheiro específicos, o que torna mais complexa a sua percepção. Ela também não é eliminada pelo processo de cocção do peixe.
Nos relatos registrados ao longo dos anos, pessoas acometidas da doença ingeriram diferentes tipos de peixe, como salmão, pacu-manteiga, pirapitinga, tambaqui, e de diversas famílias, como Cambaridae e Parastacidae.
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