A Polícia Civil concluiu as investigações sobre o adolescente de 15 anos que foi torturado e assassinado em Santa Luzia, na região metropolitana de BH. O jovem foi morto após boatos de que ele teria abusado sexualmente de três crianças, o que não foi comprovado pelas apurações.
Os homens ainda filmaram a ação de pessoas humilhando o menino. “Nós recuperamos cerca de 17 vídeos em que os autores registraram as torturas. ele possuía um atraso mental. Foi uma atrocidade, não foi justiça com as próprias mãos”, declarou a delegada do caso, Adriana das Neves Rosa.
Ao todo, sete pessoas foram indiciadas pelo crime e quatro foram presas. Segundo a delegada, o menino foi torturado por mais de 12h e assassinado cruelmente. As agressões teriam se iniciado no dia 3 de junho, no bairro Vila Aparecida, em Venda Nova.
Tortura
“Eles começaram a torturar a vítima no início da tarde do dia 3. Ele conseguiu fugir, mas foi localizado novamente, por volta das 23h, e o agrediram novamente. Ele foi torturado durante toda a noite, em uma casa, e na manhã do dia seguinte foi novamente agredido e assassinado”, conta a delegada.
Após as agressões, o adolescente foi levado para o bairro Baronesa, onde foi morto. “Foram 13 disparos de arma de fogo, sendo oito somente no rosto da vítima. Os autores ainda exigiram que o adolescente olhasse para eles na hora do crime”, relata Adriana.
A delegada confirmou que a vítima era diagnosticada com atraso mental e transtorno de afetividade, sendo equiparada a uma criança. Além disso, os supostos abusos não foram confirmados. “Não é possível afirmar que as tentativas de abusos às crianças ocorreram ou não. As agressões à vítima iniciaram no momento subsequente ao relato de uma criança de três anos. Não houve comprovação mínima da ocorrência dos supostos abusos”, afirma.
Família ameaçada
O adolescente tinha um histórico conturbado e apresentava transtornos mentais, como bipolaridade. Antes de ser morto, o adolescente estava vivendo em situação de rua e se envolveu com o tráfico na região da Vila. Após as torturas, os moradores da região chegaram a coagir os familiares do adolescente dizendo que eles sabiam o motivo da morte do menino.
“Algumas pessoas chegaram a constranger os avós dessa vítima, como sendo uma justiça com as próprias mãos. Alguns vizinhos e algumas pessoas próximas aos avós questionaram a eles se de fato teriam criado um estuprador, e se teriam tido alguma culpa quanto a isso”, contou.
Indiciamentos
Com a conclusão das investigações, os três principais investigados foram indiciados por homicídio duplamente qualificado, cárcere privado, tortura e estupro, pois obrigaram a vítima a simular atos sexuais. Entre esses três, uma mulher presa na última segunda (17), indiciada por fraude processual, por ter adulterado a cena do crime.
Outra investigada, dona da casa em que a vítima foi submetida à tortura, também foi indiciada por fraude processual. Outros três suspeitos, pais das crianças supostamente abusadas pela vítima, foram indiciados por lesão corporal, já que agrediram a vítima.
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