Paramédico segura bebê com febre após chegar de ambulância no hospital de Stamford, em 4 de abril. Foto: John Moore/Getty Images
NOS EUA, a grande maioria dos casos sérios de covid-19 — e oito em cada 10 mortes — ocorre em pessoas que têm pelo menos 65 anos. Porém, dados recentes mostram que o coronavírus também está afetando jovens em todo o país — e, em casos raros, matando-os.
Pelo menos 201 menores de 18 anos foram admitidos em UTIs pediátricas nos EUA, segundo dados dos chamados Sistemas Pediátricos Virtuais, um registro nacional. E pelo menos 20 pessoas com menos de 20 anos morreram em decorrência do coronavírus. No estado de Nova York, que tem o maior número de crianças gravemente afetadas pelo vírus, dez delas morreram de covid-19 até 30 de abril, e pelo menos 56 haviam sido admitidas em UTIs pediátricas.
Em todos os EUA, mais de 24 mil crianças deram positivo em testes para o novo coronavírus, segundo dados dos departamentos de saúde estaduais compilados por um novo projeto, o CovKid, que traça os efeitos da covid-19 em crianças. Esse total representa todos os menores de 20 anos e inclui dados da cidade de Nova York, mas não do estado homônimo, nem do Nebraska, que ainda não relataram a discriminação etária dos seus casos de coronavírus. Embora a maioria dos estados não esteja registrando a raça e a etnia das crianças com coronavírus, dados da Califórnia e do Illinois mostram que mais de um terço das 3.049 crianças que apresentaram resultado positivo eram latinas.
Até 30 de abril, oito estados haviam registrado 20 mortes por covid-19 entre crianças e adolescentes. Dados registrados pelos departamentos estaduais de saúde e compilados pelo projeto CovKid.Até 30 de abril, oito estados haviam registrado 20 mortes por covid-19 entre crianças e adolescentes. Dados registrados pelos departamentos estaduais de saúde e compilados pelo projeto CovKid. Gráfico: Soohee Cho/The Intercept
Enquanto o número de crianças positivas para o vírus nos EUA é maior que o total de casos confirmados em muitos países, incluindo Cingapura, Irlanda e México, ele é provavelmente apenas uma pequena fração de todas aquelas que realmente têm a doença, devido à falta de testes e à baixa frequência com que crianças são testadas. “A grande questão é quantas crianças estão sendo testadas?” questionou Elizabeth Pathak, epidemiologista e diretora do projeto CovKid. Sem essa informação, é impossível saber quantas estão infectadas. Então Pathak e seus colegas usaram dados clínicos da China para medir as taxas de infecção nos EUA e estimaram que o total de crianças com a doença nos EUA seja, agora, de pelo menos 478 mil.
Os dados compilados recentemente, que ainda não haviam sido noticiados, vêm em meio a relatos do surgimento de uma síndrome inflamatória em crianças que parece estar conectado a infecções por coronavírus. Médicos em seis países, incluindo o Reino Unido, a Espanha e a Itália, descreveram grupos de doenças inflamatórias em crianças que portadoras de coronavírus. Nos EUA, médicos em Nova York, Washington, Pensilvânia, Califórnia e Minnesota encontraram casos similares, que algumas notícias descreveram como sendo a doença de Kawasaki, uma enfermidade comum e tratável frequentemente diagnosticada em crianças.
Mas, embora as crianças com a nova síndrome tenham muitos dos sintomas que aparecem com a doença de Kawasaki, é mais provável que eles sejam uma manifestação do coronavírus, segundo o pediatra Mark Schleiss. “É algo que parece muito com Kawasaki”, disse Schleiss, professor de pediatria na Escola de Medicina da Universidade de Minnesota. Crianças com a doença de Kawasaki têm febre que dura vários dias, junto com pelo menos quatro outros sintomas que podem incluir erupção cutânea, vermelhidão nos olhos, inchaço nos linfonodos e mãos e pés inchados.
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