O secretário de Saúde da Bahia, Fábio Vilas Boas, afirmou em entrevista nesta quinta-feira (9), no Jornal da Manhã, que o governo baiano adquiriu aproximadamente um milhão de comprimidos de hidroxicloroquina e azitromicina, para permitir que médicos prescrevam os medicamentos para todos os pacientes com Covid-19 internados em hospitais da rede pública do estado. A rede privada também pode ser assistida em caso de necessidade.
"Nós teremos a quantidade que for suficiente. Estocamos hidroxicloroquina, a azitromicina também. Não só para a rede pública. Se houver necessidade por desabastecimento, o governo do estado poderá oferecer para a rede privada", garantiu. Vilas-Boas destacou que apenas pacientes internados por causa do coronavírus poderão fazer uso da hidroxicloroquina. O medicamento foi liberado na quarta-feira (8), para uso no tratamento contra a Covid-19.
O secretário destacou ainda que, para a pasta, é considerado grave todo caso de coronavírus que exija a internação do paciente. "Entendendo que o grave, para nós, é a necessidade de internação. Não é o paciente que já está no tubo, com insuficiência respiratória. Estamos definindo grave a pessoa que precisa ser internada. É diferente do paciente que foi na UPA, testou positivo", disse.
Vilas-Boas explicou que nesses casos de pacientes que testaram positivo mas que não têm necessidade de internação, não será feito o uso da hidroxicloroquina. "Não estamos fazendo isso. Não é um medicamento para uso ambulatorial, mas sim para uso hospitalar", disse o secretário.
A hidroxicloroquina é utilizada por pessoas com doenças autoimunes. Fábio Vilas Boas afirmou que pacientes que utilizam a substância poderão procurar a rede pública de saúde para ter acesso gratuito ao medicamento. “Estou garantindo que essas pessoas que possuem doença crônica e que fazem uso de cloroquina e hidroxicloroquina, vamos fornecer, mediante receita, os medicamentos de forma gratuita para todo mundo que precisar”, destacou.
O uso da hidroxicloroquina e da azitromicina para tratamento do coronavírus não é consenso entre a comunidade cientifica. Os estudos realizados até aqui não apresentaram evidências suficientes para apontar que os medicamentos realmente são eficazes contra a Covid-19. O infectologista Roberto Badaró, que faz parte do Comitê Científico do Consórcio Nordeste e dirige o Instituto de Ciências da Saúde do Cimatec, afirma que as substâncias não devem ser utilizadas sem o acompanhamento médico.
“Essa medicação não deve ser usada pelo público. Tem que ser usada com prescrição médica, naquele paciente que entra no hospital e realmente precisa fazer um tratamento rápido da falta de ar, da dispneia, como a gente chama, devido a infecção pelo coronavírus”, alertou. De acordo com Roberto Badaró, o uso da hidroxicloroquina e da azitromicina possui efeitos colaterais e, por isso, são administradas apenas para pacientes em hospitais.
“A hidroxicloroquina é muito conhecida. Tenho vários pacientes que usam para artrite reumatoide, para doenças reumatológicas. Ela pode causar alterações oculares, temos que prestar atenção a isso. As duas drogas juntas podem fazer uma alteração no eletrocardiograma das pessoas. Ela não é simples. A gente tem que prestar atenção ou pode ter uma arritmia cardíaca. Não é um medicamento para ser utilizado sem acompanhamento médico”, alertou.
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