Pastor que lidera um grupo semanal de estudos bíblicos do gabinete do presidente Donald Trump, divulgou uma nova interpretação da pandemia de coronavírus nesta semana, argumentando que a crise representa um ato do julgamento de Deus.
Drollinger argumenta, em dois posts de seu blog e em um guia de estudos bíblicos publicado nos últimos dias, que o coronavírus é uma manifestação da ira de Deus sobre as nações, mas não tão severa quanto as inundações descritas no Antigo Testamento ou a destruição de Sodoma e Gomorra.
“Em relação à crise da pandemia do coronavírus, essa não é a ira do abandono de Deus nem a sua ira cataclísmica, mas sim a ira da semeadura e colheita”, escreveu Drollinger. “Uma avaliação biblicamente astuta da situação sugere fortemente que os Estados Unidos e outros países do mundo estão colhendo o que a China semeou devido à imprudência de seus líderes e sua falta de sinceridade e transparência.”
Ele também não perde a chance de condenar aqueles que adoram a “religião do ambientalismo” e que expressam uma “tendência ao lesbianismo e à homossexualidade”. Drollinger argumenta em “Deus está julgando a América hoje?”, um dos posts do pastor sobre a pandemia do coronavírus, que esses indivíduos se infiltraram em “altas posições de nosso governo, nosso sistema educacional, nossa mídia e nossa indústria de entretenimento” e “são os principais responsáveis pela consequente ira de Deus sobre nossa nação.”
No estudo da Bíblia, Drollinger percorre as escrituras explicando as maneiras pelas quais Deus pode ter causado o coronavírus. Em uma nota de rodapé, ele se apega ao argumento anterior de que o vírus representa uma forma branda da ira de Deus, observando que “em breve veremos uma cura humana para o coronavírus”.
As lições evangélicas de Drollinger buscam satisfazer cuidadosamente a ideologia conservadora, com foco na interpretação dos eventos atuais através de uma lente partidária.
Drollinger, por telefone, disse que as questões deveriam ser feitas à assessoria de imprensa de sua fundação. A Capitol Ministries, organização sem fins lucrativos fundada por Drollinger que sedia seus estudos da Bíblia, não respondeu ao pedido de comentário.
O estudo bíblico liderado por Drollinger se reúne todas as manhãs de quarta-feira com membros do gabinete de Trump, incluindo o secretário de Estado, Mike Pompeo, o secretário de Habitação e Desenvolvimento Urbano, Ben Carson, a secretária de Educação, Betsy DeVos, e o secretário de Saúde, Alex Azar. Carson e Azar, especialmente, são membros da força-tarefa do coronavírus que orientam a resposta do governo federal à pandemia.
O vice-presidente Mike Pence, membro da força-tarefa, também está ligado ao grupo de estudos da Bíblia e é citado como anfitrião dos encontros da Capitol Ministries. Os e-mails obtidos pelo Gizmodo mostram oficiais da administração em coordenação com o grupo de Drollinger para agendar uma sessão do grupo de estudos, incluindo a possibilidade de sediar o evento semanal no escritório de Pence na ala oeste da Casa Branca.
Pelo menos 52 parlamentares republicanos também participam de uma versão do estudo bíblico de Drollinger no Congresso, que se reúne às terças e quintas-feiras. Os patrocinadores do evento incluem o líder da minoria da Câmara, Kevin McCarthy, da Califórnia, e o senador John Thune, da Dakota do Sul, o segundo parlamentar republicano mais poderoso no Senado.
As lições evangélicas de Drollinger buscam satisfazer cuidadosamente a ideologia conservadora, com foco na interpretação dos eventos atuais através de uma lente partidária. Os guias de estudo de Drollinger forneceram justificativa bíblica para as políticas do governo Trump de separação de crianças imigrantes de suas famílias e argumentos a favor de impostos mais baixos para os ricos.
Guias de estudo da Bíblia da Capitol Ministries distribuídos aos políticos também afirmam que “o Islã e seu Alcorão nada mais são do que um plágio das verdades do AT”, uma referência ao Antigo Testamento e, em letras maiúsculas, declaram: “NEM TODO MUÇULMANO É TERRORISTA, MAS TODOS OS TERRORISTAS INTERNACIONAIS DA HISTÓRIA RECENTE ERAM MUÇULMANOS.”
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