quinta-feira, 1 de fevereiro de 2018

empregos Juazeiro é recordista baiana na geração de empregos formais

A maior parte das vagas no município foram geradas no setor público, justamente por conta das obras da prefeitura (Foto: Arquivo EBC)

O incentivo ao empreendedorismo e a realização de obras de infraestrutura em dez bairros fizeram com que Juazeiro, cidade de 221 mil habitantes, na região norte da Bahia, batesse o recorde estadual de geração de empregos formais em 2017, segundo revelam dados divulgados no dia 26 de janeiro, do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), órgão vinculado ao Ministério do Trabalho (MT).  

A maior parte das vagas no município foram geradas no setor público, com 559 postos de trabalho, justamente por conta das obras da prefeitura. O setor do agronegócio, com o cultivo de frutas e a fabricação de açúcar também contribuíram para a alta. “Estamos com várias frentes de ação para gerar emprego e formalizar a atuação dos trabalhadores informais, como a Sala do Empreendedor, criada em agosto de 2017 para que as pessoas se tornem Microempreendedores Individuais (MEIs) e sejam capacitadas para atuar nos seus ramos de trabalho”, disse o secretário municipal de Desenvolvimento Econômico, Agricultura e Pecuária de Juazeiro, Tiano Felix.
Ainda segundo informações do Caged, a Bahia fechou a geração de empregos formais em 2017 de forma positiva no acumulado dos 12 meses do ano, com saldo de 839 postos de trabalho com carteira assinada. No total, no estado ocorreram 574.145 admissões contra 573.306 demissões, uma variação de 0,05% em relação ao mesmo período de 2016, aponta o Caged.
De acordo com a Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI), o resultado durante todo o ano de 2017 colocou o Estado na décima segunda posição no ranking nacional de geração de empregos e na quarta colocação na região Nordeste.
As dez cidades que mais geraram vagas formais em 2017 na Bahia foram: Juazeiro (+1.405 vagas), Casa Nova (+813), São Gonçalo dos Campos (+710), Luís Eduardo Magalhães (+696), Feira de Santana (+620), Jacobina (+596), Itapetinga (+414), Mucuri (+397), Jaguarari (+336) e Maracás (+317).
Para quem mora em outras cidades e está sem emprego, no entanto, não é recomendável se mudar para Juazeiro para tentar prosperar na vida, alerta o professor Amilton de Moura Ferreira Júnior, da Faculdade de Economia da Universidade Federal da Bahia (Ufba).
“Os empregos de Juazeiro são absorvidos pela própria população local. A cidade está num dos cinco polos produtivos da Bahia, com o agronegócio no Vale do São Francisco, e por isso tem esse destaque na área”, observou.
“Para quem mora em outras cidades e está sem emprego, o conselho é buscar se qualificar, sobretudo para atuar na área de serviços, que é o que mais emprega não só na capital, Salvador, como em outras cidades do interior”, conclui o professor.
Setores de destaque
Desde fevereiro de 2017, o dentista Cláudio Fariello, 43, que reside em Alagoinhas, no nordeste do estado, viaja 1.550 km para fazer atendimentos uma vez por mês na rede privada de saúde bucal em Vitória da Conquista, Jânio Quadros e Piripá.  “Atendo também em Alagoinhas, mas como tinha contatos no Sudoeste, por ter morado em Conquista, dei continuidade aos atendimentos nas cidades da região. Apesar do cansaço das viagens, estou tranquilo com o trabalho”, conta.

A área de serviços em Odontologia está entre os destaques na geração de empregos em 2017 na Bahia, ao lado dos serviços médicos e veterinários. No Estado, os setores que mais contribuíram para alta do emprego foram os de serviços, com mais de 2,5 mil vagas; agropecuária, com mais de 2,1 mil empregos formais, administração Pública, serviços industriais de utilidade pública e indústria de transformação.
De acordo com o Caged, esse comportamento do emprego na Bahia no decorrer do último ano foi o que diminuiu o impacto do fechamento de 12.457 vagas no mês de dezembro, quando houve uma retração natural no emprego em todo o país.
Os dados do Caged também apresentam melhoria no emprego no Brasil em 2017, com o fechamento de 20.832 vagas, uma redução de apenas 0,05% em relação ao estoque de dezembro de 2016.
“Para os padrões do Caged, esta redução em 2017 é equivalente à estabilidade do nível de emprego, confirmando os bons números do mercado na maioria dos meses do ano passado e apontando para um cenário otimista neste ano que está começando”, afirmou o ministro do Trabalho substituto, Helton Yomura.
O otimismo é justificado pela comparação do saldo acumulado de 2017 com o fechamento de 2016, que apresentou um saldo negativo de 1.326.558 vagas, e de 2015, quando houve queda de 1.534.989 postos de trabalho no país, na série ajustada.
Investimentos públicos
Para a SEI, os investimentos públicos ao longo dos últimos anos e em 2017 (cujo balanço ainda não foi fechado) foram essenciais para a geração de empregos na Bahia no decorrer do ano.

Os dados da SEI apontam que em 2016 os investimentos do Governo do Estado chegaram a quase R$ 3 bilhões. De 2007 a 2015, foram mais de R$ 17,3 bilhões.
“Dados preliminares apontam que o investimento estadual continua alto, comparado com outros estados, e contribui para ‘amortecer’ os efeitos da crise político-econômica nacional”, disse o coordenador de pesquisas da SEI, Guillermo Etkin.
Secretária do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte, Maria Olívia Santana avalia que a geração de empregos na Bahia terminou o ano com saldo positivo em 2017 graças a políticas públicas que foram fortalecidas ao longo dos anos. “Cito como exemplo dessa política pública o Serviço de Intermediação para o Trabalho (Sinebahia), por meio do qual já encaminhamos 38 mil pessoas para o mercado de trabalho em 2017”, afirmou a secretária.
“Nossa ideia para 2018 é continuar lutando para que as pessoas possam ter melhor qualificação profissional, que é uma necessidade que o mercado ainda tem, de pessoas mais qualificadas. Vamos ampliar os cursos para melhor qualificação, não só de quem está precisando de emprego, mas também quem está empregado e precisa se aperfeiçoar”, completou Olívia Santana.
Professor aposentado da Faculdade de Economia da Ufba, Oswaldo Guerra lembrou que obras grandes como a do metrô de Salvador, ajudaram no desempenho positivo do emprego na Bahia. “No caso de Salvador, os setores de serviços e comércio tem reagido mais lentamente à melhora nacional, que também foi pouca, e pior está a construção civil, que ainda busca vender o que ficou acumulado de anos anteriores. Há tempos que não se vê a inauguração de uma grande obra da iniciativa privada na construção civil”, comentou.
Baixas
A construção civil, em crise há cerca de cinco anos, lidera o saldo negativo na Bahia, com menos 6.522 postos de trabalho, seguido do comércio (-833) e indústria extrativa mineral (-127).

Apesar de serem considerados elevados, em relação a outros estados, os investimentos públicos ainda não foram capazes de tornar positivas a geração de empregos na capital e outras cidades da RMS, como Lauro de Freitas, campeã  estadual do saldo negativo na geração de empregos em 2017.
Com a área de serviços, comércio e construção civil afetadas pela crise nacional, a cidade de Lauro de Freitas fechou o ano passado com menos 5.361 postos de trabalho formais. Em segundo lugar na Bahia aparece Salvador, com menos 3.696 vagas.

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