A agressividade de torcedores colorados com uma mãe gremista acompanhada do filho nas arquibancadas do Beira-Rio roubou a cena no último clássico entre Internacional e Grêmio. Mas, antes de a bola rolar e de mais um episódio de violência no futebol brasileiro, o Grenal promoveu uma ação conjunta dos dois clubes rivais contra o racismo. Dentro de campo, o time visitante não conseguiu surpreender o Inter e ficou somente no empate. Fora dele, porém, deu o primeiro passo para banir dos estádios uma ofensa racista normalizada por sua torcida.
Por iniciativa da direção, o Grêmio reuniu torcedores e determinou a urgência de banir o termo “macaco”, apelido utilizado há várias décadas em referência a torcedores do Internacional, das letras de músicas na arquibancada. “Precisamos abolir essa palavra da convivência gremista”, explica Nestor Hein, diretor jurídico do tricolor. “O mundo mudou, a sociedade mudou. Somos um clube popular, aberto a todos, com muitas pessoas negras em nossa torcida. Não podemos aceitar que uma expressão tão depreciativa continue sendo empregada com naturalidade.”
Em maio, o atacante Yony González, do Fluminense, foi chamado de macaco na Arena do Grêmio. Colegas de time, como o lateral Igor Julião, denunciaram o vídeo com a injúria racial em redes sociais. O clube gaúcho se comprometeu a apurar o caso e tomar providências, mas não conseguiu identificar o agressor. Recebeu multa de 30.000 reais imposta pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) e, em seguida, acabou absolvido após análise de recurso. O risco de mais uma punição pesada por causa do mau comportamento de torcedores contribuiu não só para que o Grêmio criasse um departamento específico para se relacionar com sua torcida, mas também para exercer uma postura menos tolerante com atitudes racistas.
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