O porteiro Valmir Campos dos Santos, de 42 anos, foi condenado pela Justiça Federal a 110 anos de prisão por crimes relacionados à pedofilia, em Praia Grande, no litoral de São Paulo. Uma investigação da Polícia Federal identificou que, além de estuprar as vítimas, ele compartilhava imagens dos atos em um site russo.
Valmir, que também se intitula técnico em informática e fotógrafo, foi preso em março de 2017 durante a Operação Resgate, deflagrada pela Polícia Federal de Santos. Três familiares dele, que teriam recebido imagens produzidas pelo então suspeito contendo os abusos, também foram detidos na ocasião por suposto envolvimento.
Conforme apurado na investigação, os meninos e meninas, vítimas de Valmir, tinham idades entre 7 e de 11 anos na ocasião dos crimes, cometidos desde 2010, e conviviam com ele. Cerca de dez crianças foram identificadas a partir das imagens registradas e que, posteriormente, foram compartilhadas em um site monitorado por órgãos internacionais.
Apesar de trabalhar como porteiro em um prédio de alto padrão na orla de Praia Grande, ele também realizava serviços de informática na cidade. Em alguns casos, Valmir atraía as vítimas com a promessa de que elas poderiam utilizar o computador na casa dele, ou então, durante uma visita para realizar eventuais reparos nos equipamentos.
Ao longo de meses de depoimentos colhidos pela Polícia Federal, os pais das vítimas afirmaram desconhecer os atos cometidos e que, muitas vezes, não tinham qualquer desconfiança das atitudes do homem. Entretanto, alguns deles reconhecem as imagens dos próprios filhos nos equipamentos apreendidos com o então investigado.
A Polícia Federal estima que o acusado armazenava 11 mil fotos e ao menos 120 vídeos contendo material pornográfico e com pedofilia. As provas sustentaram a denúncia apresentada pelo Ministério Público Federal (MPF) à Justiça Federal, em São Vicente, que decidiu pela manutenção da prisão e, agora, pela condenação.
A advogada do acusado, Marilia Donato, afirma que seu cliente não cometeu qualquer ato ilícito. "Eu entendo que a condenação foi pelo clamor público, não pelas provas apresentadas. Ele nega todos os crimes e entendemos que ele é inocente", disse, ao afirmar que vai recorrer da sentença de Valmir, que permanece preso.
Dois dos três familiares do condenado, detidos preventivamente na ocasião da Operação Resgate, acabaram recebendo penas alternativas, previstas pela legislação. A terceira pessoa não foi denunciada pela Procuradoria, não respondendo às acusações na Justiça.
A Resgate antecedeu a segunda fase da Operação Glasnost, deflagrada em todo país, em julho do mesmo ano, também pela Polícia Federal, para coibir crimes relacionados à pornografia infantil. Após cooperação internacional, verificou-se que Valmir era considerado um alvo estratégico, em razão da gravidade dos atos e, por isso, foi priorizado.
Na ocasião da nova etapa da Glasnost, três homens foram presos em flagrante por pedofilia em cidades da Baixada Santista. Entre eles, estão um ator e produtor de televisão, de 53 anos, em Guarujá, um estudante universitário, de 22, em Santos, e um professor aposentado, de 78 anos, em Praia Grande.
Fonte: Correio