O presidente Michel Temer escolheu o líder do PSDB na Câmara, Antonio Imbassahy (BA), para assumir uma turbinada Secretaria de Governo. O anúncio do tucano para a pasta, que será reformulada com o ganho de novas atribuições, deverá ocorrer até no máximo a segunda-feira. A troca na Secretaria de Governo foi antecipada pela Coluna do Estadão e em reportagens do Broadcast Político, serviço de notícias em tempo real do Grupo Estado.
Imbassahy vai substituir no cargo o também baiano Geddel Vieira Lima, amigo de Temer, que pedira demissão há duas semanas após ser acusado pelo ex-ministro da Cultura Marcelo Calero de ter pressionado para rever uma decisão que embargava um empreendimento imobiliário em que o ex-titular da Secretaria de Governo tinha cargo.
A ampliação do espaço do PSDB - que receberá o quarto ministério na Esplanada dos Ministérios - visa a aumentar o protagonismo do partido nas decisões de governo, inclusive com a busca de ações de reanimação para a economia brasileira.
Em sua nova configuração, a pasta vai cuidar, além da articulação com a base aliada, da interlocução com os Estados, atualmente concentrada no Ministério da Fazenda. Esse desenho pode contemplar, conforme as negociações, debate por questões gerais como renegociação das dívidas, empréstimos de entes federados com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e assuntos referentes a royalties.
A nova secretaria também deverá assumir a relação direta com movimentos sociais, papel que no governo do PT era realizado pelo ex-ministro Gilberto Carvalho na extinta Secretaria-Geral da Presidência. Nas conversas também ficou acertado que a estrutura do Ministério de Micro e Pequenas Empresas, que foi extinto, será inserida dentro da nova pasta.
A primeira conversa do aumento da participação do PSDB ocorreu no dia da queda de Geddel, quando Temer almoçou com a cúpula do PSDB, inclusive o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Nos últimos dias, as conversas do governo com a cúpula tucana se intensificaram. Imbassahy esteve ontem no Planalto e assistiu com Temer e dois governadores tucanos - Beto Richa (PR) e Marconi Perillo (GO) - ao julgamento do Supremo Tribunal Federal (STF) que manteve Renan Calheiros (PMDB-AL) na Presidência do Senado. O próprio Renan era um defensor público do aumento da participação do PSDB no governo.
Núcleo duro
O presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG), trabalhou ativamente, nos últimos dias, para emplacá-lo no cargo. A avaliação da maioria da legenda é que o líder tucano - ex-prefeito de Salvador - é o primeiro passo para que o partido tenha assento no "núcleo duro" do governo.
Desde que vieram à tona notícias de que os tucanos querem "fritar" o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, porém, criou-se um clima de constrangimento. Temer não gostou das críticas do PSDB, saiu em defesa de Meirelles e disse que mantém toda a confiança no comandante da equipe econômica.
Confirmado na Secretaria de Governo, Imbassahy será o quarto ministro do PSDB no governo Temer. O partido já comanda os ministérios das Cidades (Bruno Araújo), da Justiça (Alexandre de Moraes) e das Relações Exteriores (José Serra).
A indicação do parlamentar baiano para a reformulada Secretaria de Governo também faz parte da negociação para amarrar o apoio do PSDB à reeleição do atual presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), ao comando da Casa. Imbassahy era um dos tucanos que queriam disputar a sucessão de Maia.
O ainda líder do PSDB - o detentor do cargo será trocado na próxima quarta-feira (14) - vinha articulando nos bastidores para manter algum cargo político de destaque. Ele disputa internamente no PSDB da Bahia para ser o candidato do partido ao Senado na chapa DEM/PSDB/PMDB das eleições de 2018.
A intenção trilhada por dirigentes das três legendas é repartir da seguinte forma a chapa eleitoral: Imbassahy ou outro tucano para o Senado; a segunda vaga de senador seria do PMDB, Geddel Vieira Lima ou algum indicado dele; e o postulante ao governo baiano seria o atual prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM).
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