Eduardo Torres
Parte dos carros roubados, principalmente na Capital, viravam fumaça há pelo menos oito meses. Com um esquema complexo de roubos e clonagens de veículos, uma quadrilha identificada pela Delegacia de Furtos e Roubos de Veículos, do Deic, negociava caminhonetes e veículos grandes com contrabandistas de cigarros de Santa Catarina, Paraná e da Fronteira Oeste do Estado.
Eram apenas parte dos mais de 200 veículos roubados neste período pelo grupo atacado em operação policial na manhã de sexta.
Leia maisDupla é torturada, morta e queimada na Capital
Assalto à loja termina com suspeito morto no Bairro Azenha
Eram apenas parte dos mais de 200 veículos roubados neste período pelo grupo atacado em operação policial na manhã de sexta.
Leia maisDupla é torturada, morta e queimada na Capital
Assalto à loja termina com suspeito morto no Bairro Azenha
Ao todo, a Operação Cadeira de Ferro prendeu 18 pessoas, apreendeu cinco veículos, três armas e diversas munições entre a Capital e a Região Metropolitana. O casal Alessandro Vilanova e Maristela Melo da Silva que, segundo o delegado Luciano Peringer, comandava os assaltos, foi preso na Capital.
Um cadeirante, no entanto, apontado como o mentor intelectual do grupo e que deu nome à operação, não foi encontrado. Na Região Metropolitana, ainda foram cumpridos mandados em Alvorada, Viamão, Canoas, Sapucaia do Sul, Estância Velha e Novo Hamburgo.
— Ele planejava os roubos e eventualmente acompanhava os assaltantes em alguns deles — explica o delegado.
O Bairro Petrópolis, em Porto Alegre, era o principal foco dos roubos. E o destino, de acordo com a investigação, era Alvorada.
— Depois de roubado, geralmente com grave ameaça às vítimas, os carros ficavam dias "esfriando" estacionados em Alvorada. Só depois disso é que partiam para a segunda fase desse esquema, que era a clonagem — conta Luciano Peringer.
Segundo ele, após a adulteração dos carros, as negociações de carros grandes eram feitas diretamente com contrabandistas. Eles encomendavam veículos avaliados em torno de R$ 80 mil por apenas R$ 2 mil.
Um emissário levava o carro até cidades como Santana do Livramento, na Fronteira, Francisco Beltrão (PR) ou São Lourenço do Oeste (SC), onde também foram cumpridos mandados na manhã de sexta, e voltavam de ônibus.
— Depois de roubado, geralmente com grave ameaça às vítimas, os carros ficavam dias "esfriando" estacionados em Alvorada. Só depois disso é que partiam para a segunda fase desse esquema, que era a clonagem — conta Luciano Peringer.
Segundo ele, após a adulteração dos carros, as negociações de carros grandes eram feitas diretamente com contrabandistas. Eles encomendavam veículos avaliados em torno de R$ 80 mil por apenas R$ 2 mil.
Um emissário levava o carro até cidades como Santana do Livramento, na Fronteira, Francisco Beltrão (PR) ou São Lourenço do Oeste (SC), onde também foram cumpridos mandados na manhã de sexta, e voltavam de ônibus.
Os carros com placas trocadas eram usados para atravessar as fronteiras carregados com cigarros. Se porventura a carga fosse interceptada na estrada, abandonavam os veículos com tudo dentro.
— É quase uma brecha legal que esses criminosos encontraram para escoar os carros adulterados. Porque o contrabando, em relação ao tráfico de drogas, que utiliza muito de veículos adulterados, por exemplo, tem uma pena branda. E as perdas para quem compra a caminhonete por R$ 2 mil acabam sendo mínimas — diz o chefe de polícia, delegado Emerson Wendt.
Leia maisMenino de 10 anos confessa ter atirado em criança de oito em Porto Alegre
PF indicia suspeito de se passar por médico para abusar de pacientes de hospital
Leia maisMenino de 10 anos confessa ter atirado em criança de oito em Porto Alegre
PF indicia suspeito de se passar por médico para abusar de pacientes de hospital
Carros eram vendidos por dez vezes menos
A maior parcela dos carros roubados pela quadrilha, porém, virava mercadoria sob suspeita em ofertas de veículos principalmente nas redes sociais. Sob o pretexto de que se tratavam de carros com dívidas de financiamentos, eram oferecidos por até dez vezes menos que o valor real.
— Um carro de R$ 50 mil chegava a ser vendido por R$ 5 mil, e o comprador, de maneira geral, sabe que não está fazendo um negócio legal. Ele compra por esse valor sabendo que em algum momento o veículo pode ser recolhido pela financiadora — afirma o delegado Luciano Peringer.
Os carros eram entregues inclusive com documentações de transferência e licenciamentos adulterados. Era o subterfúgio para, em caso de apreensão, alegar que havia comprado o veículo, feito a transferência, mas ainda não havia recebido os carnês para honrar os pagamentos do financiamento.
Os carros eram entregues inclusive com documentações de transferência e licenciamentos adulterados. Era o subterfúgio para, em caso de apreensão, alegar que havia comprado o veículo, feito a transferência, mas ainda não havia recebido os carnês para honrar os pagamentos do financiamento.
Neste mercado, os principais alvos do bando eram modelos como HB-20, Ônix, Sandero, Duster e City.
— São todos carros com muita saída no mercado. Vendiam rapidamente em grupos do Facebook, principalmente — aponta o delegado.
"Vai ser um ano bom", diz secretário
"Vai ser um ano bom", diz secretário
— Este vai ser um ano muito bom para a área da Segurança Pública.
Foi com essa frase que o secretário Wantuir Jacini, que acompanhou o encerramento da operação policial no Deic, definiu o que, segundo ele, foi o início de uma série de ações para sufocar a criminalidade no Estado. Segundo ele, o combate ao roubo de veículos é considerado a principal prioridade do ano na pasta.
— Passamos todo o 2015 criando o projeto contra os desmanches, e já demos uma demonstração da eficiência desse modelo de combate à receptação que alimenta o crime — disse.
Os demais passos para concretizar a sonhada redução nos números de roubos de veículos, segundo Jacini, estarão focados na investigação das quadrilhas — com resultados como os de sexta — e na investigação sobre o capital dos criminosos.
Leia maisMenino que baleou outro na Capital pode ter sido incentivado por traficantesPolícia investiga possíveis queimaduras em bebê de um ano em São Francisco de Assis
Como atuava a quadrilha
Leia maisMenino que baleou outro na Capital pode ter sido incentivado por traficantesPolícia investiga possíveis queimaduras em bebê de um ano em São Francisco de Assis
Como atuava a quadrilha
— Usando um carro, atacavam entre três e quatro criminosos, sempre em roubos violentos. Para evitar um flagrante dos roubos, a arma do crime era sempre levada, depois de tomado o carro da vítima, no veículo que servia como batedor. Se o bandido fosse preso, seria indiciado somente por receptação, com pena menor.
— Os carros eram deixados em Alvorada estacionados na rua por alguns dias para "esfriar", aguardando se não tinham nenhum sistema de localização. Depois, tinham as placas trocadas e eram deixados mais um tempo na rua para eliminar todos os riscos de serem flagrados.
— Em uma oficina, os veículos eram transformados, com adulteração de todos os sinais de identificação e recebiam também documentação toda falsificada.
— Parte dos carros era negociada nas redes sociais a preços até dez vezes inferiores ao mercado, sob alegação de que eram veículos com dívidas de financiamento.
— Parte dos carros era negociada nas redes sociais a preços até dez vezes inferiores ao mercado, sob alegação de que eram veículos com dívidas de financiamento.
— Outra parte — em geral caminhonetes e carros grandes — eram negociados por valores ainda menores com contrabandistas da Fronteira Oeste, Santa Catarina e Paraná. Os carros serviam para trazer cigarros contrabandeados para o país.
Nenhum comentário:
Postar um comentário