Atualmente não é espanto algum uma criança interagir sozinha com um smartphone, não é mesmo? Elas conseguem fazer de tudo – desde selfies, selecionar seus desenhos e jogos favoritos e muito mais. É assim, com os pequenos dedinhos deslizando na tela, que se resume a infância moderna, imersa na tecnologia como referência de lazer. Essa é a geração Alfa, 100% digital, formada por crianças nascidas a partir de 2010.
Diante de tanta exposição e interação com a tecnologia, especialistas da Organização Mundial da Saúde (OMS) alertam para os impactos do uso excessivo dos dispositivos móveis e eletrônicos. A OMS lançou em abril deste ano novas diretrizes para orientar pais e cuidadores de crianças menores de 5 anos quanto ao uso de aparelhos digitais, atividade física e horas de sono. Conforme o documento, crianças menores de dois anos não devem ter contato com telas e aquelas com dois anos ou mais devem assistir televisão por até, no máximo, uma hora por dia.
Os adultos também devem dar o exemplo, pois os pequenos, de acordo com o psicoterapeuta Iarodi Bezerra, adquirem parte de seu aprendizado por meio da imitação de pais e adultos de sua referência. “Ao ver os adultos vivendo cada vez mais dependentes dos aparelhos tecnológicos, as crianças tendem a seguir o mesmo caminho, tornando-se presas aos jogos virtuais”, alerta.
São reflexos dos impactos da exposição excessiva a aparelhos tecnológicos: ansiedade, transtorno do humor, psicose, transtorno do apego, baixa autoestima, insônia e inúmeros outros transtornos que podem atrapalhar o desenvolvimento infantil. “Os pais podem observar sintomas como nervosismo, agitação, agressividade… Após observação é importante buscar acompanhamento psicológico para que tais problemas sejam sanados e gerem bem-estar para a criança e, consequentemente, para a família”, recomenda Iarodi.
Para o psicoterapeuta o desenvolvimento infantil é único para cada geração. No processo de aprendizagem, a tecnologia é uma grande aliada. “Mas é necessário, no que diz respeito ao aprendizado infantil, que o uso dos recursos eletrônicos seja restrito e que o lúdico, o uso da psicomotricidade, da imaginação sejam amplamente utilizados. Faço uma ressalva que no processo de aprendizagem deve haver um alinhamento do corpo pedagógico com a família”.
RECOMENDAÇÕES DA OMS:
– Crianças menores de 1 ano: não devem ser expostas às telas; não devem passar mais de 1 hora restritas a carrinhos ou cadeirões; devem dormir de 14 a 17 horas (entre 0-3 meses) e entre 12 a 16 horas (4-11 meses), incluindo sonecas.
– Crianças de 1-2 anos: não é recomendado o uso de aparelhos eletrônicos e digitais; não devem exceder mais de 1 hora diária restritas a cadeirões e similares; devem passar 180 minutos por dia realizando atividades físicas; precisam dormir de 11-14 horas.
– Crianças de 2-4 anos: não devem exceder 1 hora diante das telas; podem passar no máximo 1 hora restritas a cadeirões e similares; ter 180 minutos diários em atividades físicas; dormir de 10-13 horas por dia.
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