No caso, o instrumento virou objeto de uma ação após o sanfoneiro Renato Cigano, nacionalmente conhecido, achar que a sanfona do bonfinense Nivaldo, divulgada por meio de fotos no Facebook, se tratava de um dos seus instrumentos roubados três anos anos. O músico saiu de São Paulo e foi até Senhor do Bonfim para tirar satisfação com Nivaldo. O litígio virou caso de polícia e a sanfona, que nada tinha a ver com a briga, acabou presa.
Na época, o juiz Teomar Almeida, um fã declarado da música que faz o objeto, determinou a apreensão da sanfona até que uma das partes conseguisse provar a propriedade. Diferente de Cigano, Nivaldo apresentou uma nota fiscal que apontava a compra do bem no Espírito Santo.
A sanfona foi liberada, nesta nova decisão rimada, para o músico baiano até o fim do julgamento: “Não sei quem é o proprietário / Mas, o possuidor do melhor documento / É presumido o signatário / Dono daquele instrumento / Ficando com o direito / De recebê-la no peito como fiel depositário”. Em entrevista ao Bahia Notícias, o magistrado defendeu a ideia de transformar a decisão em poesia. “Eu já sou admirador do instrumento que, para mim, faz poesia. Achei que esse processo poderia render outra”, contou Teomar.
“Fiz [o texto] para representar os dois sanfoneiros e o instrumento em si”, completou. O paraibano, que tem a Justiça como profissão, contou ainda que nunca havia publicado nenhuma das poesias, que normalmente faz sem a toga. Esse fato mudou nesta tarde, uma vez que o processo da sanfona, que corria em segredo de Justiça, foi divulgado. Vendo essa decisão toda nesse ritmo rimado, difícil o repórter não ficar contagiado.
Nos autos, o juiz ainda se referiu a sua decisão de apreender a sanfona há 5 meses. “E para finalizar / Hei por bem declarar / Que fui competente para buscar / Sou também para entregar / Cumpra-se, sem titubear”, diz o final do texto. Veja a decisão:
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