Segundo a delegada Pilly Dantas, da 3ª Delegacia de Homicídios, o segurança foi identificado como responsável pelo ataque na noite de ontem que deixou quatro baleados - dois desses, Cleidson Santos, 15, e David Barreto, 16, morreram.
O segurança teria se desentendido com o grupo de jovens horas antes do atentado, em uma briga por conta das portas do trem estarem abertas. Depois, ele atirou contra o grupo. Os dois garotos que sobreviveram foram socorridos para o Hospital do Subúrbio. Um deles, de 15 anos, foi baleado de raspão na mão e recebeu alta logo após dar entrada na unidade de saúde. O outro, baleado nas costas, passou por cirurgia.
O CORREIO esteve nesta manhã na comunidade Voluntários da Pátria, no Lobato, e conversou com os parentes das duas vítimas, entre eles um dos irmãos de Cleidson, um dos sobreviventes do ataque. Na quinta-feira, ele, o irmão, David e o casal adolescente saíram de casa às 13h rumo ao Colégio Estadual Castro Alves, na Calçada, onde todos estudam no 7º ano, e às 13h10 já tinham embarcado como de costume em um dos vagões na estação de trem de Santa Luzia.
“O segurança já brigava com um grupo de rapazes que colocava o pé para não fechar uma das portas. Daí, ele foi na direção de David, que estava escorado em uma das portas fechadas e o mandou sair do lugar. David disse que sairia quando o trem andasse e ele não gostou, dando início à discussão”, contou o irmão de Cleidson. A mãe dele, que também tinha embarcado, mas em outro vagão, não percebeu a confusão.
Premeditação
Segundo o irmão de Cleidson, o segurança premeditou o crime. Após a confusão, ele ameaçou David. “Ele disse que, quando voltássemos, ia resolver o assunto com David. Ele já estava intencionado”, relatou o sobrevivente. Por volta das 16h, os cinco adolescentes desceram na estação e, ao invés de logo irem para casa, pararam no local para conversar.
“Estávamos resenhando sobre os acontecimentos da aula. Jamais imaginaríamos o que aconteceu”, contou o irmão de Cleidson. De acordo com ele, o segurança desceu do trem e caminhava na direção deles. “Ele estava com a camisa por fora, mas não maldamos que ele escondia uma arma. Quando se aproximou, sacou a arma e deu o primeiro tiro, atingindo o pescoço do meu irmão, que caiu na hora”, relatou.
Em seguida, o segurança deu início a uma sucessão de tiros, aumentando ainda mais o pânico na estação. “Ele mirou em mim, mas me abaixei. Então, disparou novamente e acertou três vezes nas costas de David, que foi ao chão. Ele atingiu de raspão a mão de minha amiga e alcançou o namorado dela, que tinha retornado para um dos vagões, baleando-o também nas costas. Quando saiu novamente do vagão, ele apontou novamente a arma para mim, mas escapei novamente quando pulei o muro da estação”, detalhou o irmão de Cleidson.
Dor
Na manhã desta quinta-feira, a vendedora Cleidiane era o retrato do sofrimento. Cleidson era o caçula de cinco filhos e por isso era o mais apegado a ela. “Estou com uma vitamina de abacate no estômago desde ontem, de manhã cedo. Eu não sou muito de comer e meu filho me deu ‘toma mãe, toma mãe’, aí bebi para agradá-lo. Hoje, não tenho fome”, lamentou
Segundo ela, ela sempre prezou pela educação dos filhos. “A dor maior é saber que seus filhos foram criados com rigidez. Dizia a eles que não os apoiaria se tivessem fazendo coisa errada e logo Cleidson dizia: ‘não, mãe, a senhora sabe com quem eu ando. São todos amigos que a senhora conhece os pais’. Todos aqui sabem o quanto sou dura na educação dos meus filhos”, disse.
Com a morte do marido há seis anos, vítima de um infarto fulminante, tornou-se ainda mais rígida. “Por medo de perdê-los, me tornei ainda mais uma carrasca. Me privei de muitas coisas para educá-los. Não queria que morressem aqui. ‘Oxe, minha mãe, não vamos ficar aqui’, ele (Cleidson) me disse uma vez. Respondi que eles teriam que estudar para um ir tirando o outro daqui”, contou.
No entanto uma atitude drástica a fez tirá-los da escola. “Por causa dessa guerra do tráfico, ano passado tirei meus filhos da escola. Esse ano, disse que eles iam estudar, não queria que morressem aqui e os pus numa escola na Calçada, para isso?”, declarou.
Vizinho
Procurado pela polícia pelas mortes de Cleidson e David, o segurança Júlio César era vizinho dos adolescentes. “Ele nasceu e se criou aqui. Até pouco tempo achávamos que ainda morava aqui, porque trabalhava na estação. Só ontem soubemos que ele mora em Fazenda Coutos”, disse o comerciante Jackson Marques, irmão de David.
Segundo ele, Júlio César era uma pessoa de pouco conversa. “Era na dele. Passava e pouco falava. Nunca imaginamos que um dia ele poderia fazer isso. Ele acabou com as nossas famílias”, declarou.
Armados
Moradores do Lobato disseram que os seguranças das estações de trem trabalham armados. “Tanto aqueles que circulam nos vagões, como aqueles que ficam nas estações, principalmente na Calçada, vivem armados, um risco à população”, disse a moradora Viviane Dantas, 29.
Segundo a assessoria da Sedur, o segurança trabalha na estação há dois anos e meio e não estava autorizado a usar arma. O CORREIO está tentando contato com a empresa de segurança contratada.
O segurança teria se desentendido com o grupo de jovens horas antes do atentado, em uma briga por conta das portas do trem estarem abertas. Depois, ele atirou contra o grupo. Os dois garotos que sobreviveram foram socorridos para o Hospital do Subúrbio. Um deles, de 15 anos, foi baleado de raspão na mão e recebeu alta logo após dar entrada na unidade de saúde. O outro, baleado nas costas, passou por cirurgia.
O CORREIO esteve nesta manhã na comunidade Voluntários da Pátria, no Lobato, e conversou com os parentes das duas vítimas, entre eles um dos irmãos de Cleidson, um dos sobreviventes do ataque. Na quinta-feira, ele, o irmão, David e o casal adolescente saíram de casa às 13h rumo ao Colégio Estadual Castro Alves, na Calçada, onde todos estudam no 7º ano, e às 13h10 já tinham embarcado como de costume em um dos vagões na estação de trem de Santa Luzia.
“O segurança já brigava com um grupo de rapazes que colocava o pé para não fechar uma das portas. Daí, ele foi na direção de David, que estava escorado em uma das portas fechadas e o mandou sair do lugar. David disse que sairia quando o trem andasse e ele não gostou, dando início à discussão”, contou o irmão de Cleidson. A mãe dele, que também tinha embarcado, mas em outro vagão, não percebeu a confusão.
Premeditação
Segundo o irmão de Cleidson, o segurança premeditou o crime. Após a confusão, ele ameaçou David. “Ele disse que, quando voltássemos, ia resolver o assunto com David. Ele já estava intencionado”, relatou o sobrevivente. Por volta das 16h, os cinco adolescentes desceram na estação e, ao invés de logo irem para casa, pararam no local para conversar.
“Estávamos resenhando sobre os acontecimentos da aula. Jamais imaginaríamos o que aconteceu”, contou o irmão de Cleidson. De acordo com ele, o segurança desceu do trem e caminhava na direção deles. “Ele estava com a camisa por fora, mas não maldamos que ele escondia uma arma. Quando se aproximou, sacou a arma e deu o primeiro tiro, atingindo o pescoço do meu irmão, que caiu na hora”, relatou.
Em seguida, o segurança deu início a uma sucessão de tiros, aumentando ainda mais o pânico na estação. “Ele mirou em mim, mas me abaixei. Então, disparou novamente e acertou três vezes nas costas de David, que foi ao chão. Ele atingiu de raspão a mão de minha amiga e alcançou o namorado dela, que tinha retornado para um dos vagões, baleando-o também nas costas. Quando saiu novamente do vagão, ele apontou novamente a arma para mim, mas escapei novamente quando pulei o muro da estação”, detalhou o irmão de Cleidson.
Dor
Na manhã desta quinta-feira, a vendedora Cleidiane era o retrato do sofrimento. Cleidson era o caçula de cinco filhos e por isso era o mais apegado a ela. “Estou com uma vitamina de abacate no estômago desde ontem, de manhã cedo. Eu não sou muito de comer e meu filho me deu ‘toma mãe, toma mãe’, aí bebi para agradá-lo. Hoje, não tenho fome”, lamentou
Segundo ela, ela sempre prezou pela educação dos filhos. “A dor maior é saber que seus filhos foram criados com rigidez. Dizia a eles que não os apoiaria se tivessem fazendo coisa errada e logo Cleidson dizia: ‘não, mãe, a senhora sabe com quem eu ando. São todos amigos que a senhora conhece os pais’. Todos aqui sabem o quanto sou dura na educação dos meus filhos”, disse.
Com a morte do marido há seis anos, vítima de um infarto fulminante, tornou-se ainda mais rígida. “Por medo de perdê-los, me tornei ainda mais uma carrasca. Me privei de muitas coisas para educá-los. Não queria que morressem aqui. ‘Oxe, minha mãe, não vamos ficar aqui’, ele (Cleidson) me disse uma vez. Respondi que eles teriam que estudar para um ir tirando o outro daqui”, contou.
No entanto uma atitude drástica a fez tirá-los da escola. “Por causa dessa guerra do tráfico, ano passado tirei meus filhos da escola. Esse ano, disse que eles iam estudar, não queria que morressem aqui e os pus numa escola na Calçada, para isso?”, declarou.
Vizinho
Procurado pela polícia pelas mortes de Cleidson e David, o segurança Júlio César era vizinho dos adolescentes. “Ele nasceu e se criou aqui. Até pouco tempo achávamos que ainda morava aqui, porque trabalhava na estação. Só ontem soubemos que ele mora em Fazenda Coutos”, disse o comerciante Jackson Marques, irmão de David.
Segundo ele, Júlio César era uma pessoa de pouco conversa. “Era na dele. Passava e pouco falava. Nunca imaginamos que um dia ele poderia fazer isso. Ele acabou com as nossas famílias”, declarou.
Armados
Moradores do Lobato disseram que os seguranças das estações de trem trabalham armados. “Tanto aqueles que circulam nos vagões, como aqueles que ficam nas estações, principalmente na Calçada, vivem armados, um risco à população”, disse a moradora Viviane Dantas, 29.
Segundo a assessoria da Sedur, o segurança trabalha na estação há dois anos e meio e não estava autorizado a usar arma. O CORREIO está tentando contato com a empresa de segurança contratada.
Nenhum comentário:
Postar um comentário