A tendência também será seguida por Anguera, no Centro-Norte baiano. O secretário de Cultura, Esporte e Lazer da cidade, Gilson Ferreira, disse que não é de hoje que a crise vem dando seus passinhos no arrasta-pé.
“Nosso São João sempre teve atrações de nível nacional, como Magníficos, Alcimar Monteiro, mas no ano passado já não foi assim”, diz. O secretario afirmou ainda que o São João será modesto porque a administração está cortando gastos para equilibrar as contas públicas. Ferreira disse que os investimentos deverão girar em torno dos R$ 100 mil.
Contando com vizinhos
A cidade de Xique-Xique, que faz aniversário junto com o santo casamenteiro - Santo Antônio -, não investe alto nas festas juninas por conta da vizinhança com outros grandes arraiás, segundo a prefeitura. O aniversário da cidade, por sua vez, contará com quatro dias de festa. O custo, ainda de acordo com a prefeitura, será rateado com a iniciativa privada. As atrações serão divulgadas até o início do mês maio.
Em Juazeiro, no Vale do São Francisco, segunda cidade mais afetada pela estiagem, a redução da verba municipal destinada aos festejos será em torno de 10% a 20%. Mas a cidade também não tem o São João como a sua principal festa popular, como esclarece o coordenador de eventos do município, Samuel Morais.
“Somos vizinhos de Petrolina (PE) e eles têm o São João muito forte, então nós investimos bastante no Carnaval para equilibrar as coisas. É uma espécie de acordo entre as cidades. Então, nosso investimento no meio do ano fica restrito aos festejos das comunidades, que são menores e existem mais para manter a tradição”, explica Morais.
De acordo com o coordenador, em 2016, foram investidos pouco mais de R$ 200 mil nessas festas, através do projeto São João nas Comunidades: “É um investimento relativamente baixo e nós contratamos sempre artistas de Juazeiro. Essa verba acaba funcionando como um incentivo para girar a economia local”.
O impacto provocado pela seca está sendo sentido, inclusive, pela segunda maior cidade da Bahia. Em Feira de Santana, as festas juninas durarão apenas dois dias e não contarão com os artistas ‘de peso’, uma vez que a verba de cachês também será reduzida. A prefeitura não divulgou os artistas nem o valor estimado dos gastos com o São João, já que, agora, cuida da tradicional micareta da cidade, entre os dias 18 e 21 de maio.
Reciclar é preciso
Guanambi, no Centro-Sul, também irá economizar no São João. O município, com mais de 86 mil habitantes, vai reaproveitar parte da estrutura usada de 2016 na festa deste ano, entre 14 e 20 de junho. De acordo com o chefe de gabinete da Secretaria de Cultura de Guanambi, João Roberto Pina Teixeira, barracas e até parte da decoração usadas em 2016 serão reutilizadas. “Nós também contrataremos bandas menores, investiremos mais nas atrações regionais e no concurso de quadrilha para fazer uma festa bonita e mais em conta. Não terão shows milionários”, diz.
Ainda segundo Teixeira, os prejuízos causados pela seca obrigaram os prestadores de serviço a baixar os custos dos contratos, o que acabou barateando as festas. Ele garantiu que a cidade tem água para o abastecimento humano. Os custos e atrações da festa não foram informados, já que ainda não foram definidos.
Cidades menos afetadas pela seca mantêm investimentos
Na contramão da seca, a festa em Ibicuí, no Centro-Sul, promete esquentar. A estimativa de público para cada um dos quatro dias de forró é de mais de 20 mil pessoas, segundo o coordenador de Comunicação e Eventos de lá, Raimundo Cerqueira. “Estamos trabalhando em ritmo acelerado para fazer uma grande festa. Aqui, graças a Deus, tem chovido bastante, não temos tido problemas com a seca”, relata Cerqueira. As atrações ainda não foram confirmadas.
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