sábado, 19 de setembro de 2020

‘Valorize o seu sindicato, camarada’, diz bancário da Caixa envolvido na histórica greve de 1991

 

jovem nas redes sociais, Fernando Collor tenta limpar a imagem de seu governo marcado por corrupção e medidas impopulares. Hoje, o discurso de Bolsonaro retoma a retórica de Collor à época: que é preciso privatizar estatais, desburocratizar o estado e que sindicato é coisa de vagabundo. Jair Ferreira, 61 anos, funcionário da Caixa Econômica desde 1989, foi um dos bancários que participou das lutas que impediram o desmonte do banco público durante o governo Collor, em meio à retórica agressiva do então presidente.

Ao Intercept, Ferreira relembra a trajetória da campanha ‘Não toque em meu companheiro’, que reintegrou 110 bancários exonerados pelo governo federal como retaliação após uma greve por reajuste salarial, em 1991. O bancário foi um dos 110 demitidos e participou da mobilização de cerca de 35 mil funcionários da Caixa, que bancaram o salário dos mais de cem demitidos por um ano, até que fossem reintegrados ao banco.


“Às vezes, a gente só aprende as coisas no enfrentamento. Sem ele, você perde essa consciência política”, conta Ferreira. Era um tempo em que os sindicatos estavam fortalecidos, forjados em uma luta iniciada na resistência contra à ditadura e intensificada com as Diretas Já e a promulgação da Constituição de 1988. Um cenário bem diferente do atual, em que sindicatos estão enfraquecidos.


Ferreira relembra que, quando Lula ganhou em 2002, muitas lideranças sindicais foram para o governo, em cargos e ministérios, criando um vácuo dentro do movimento. Segundo o bancário, a aliança com o governo petista desacostumou trabalhadores a lutas mais contundentes, como as da era Collor, e os desmobilizou contra ameaças futuras. “Como não teve enfrentamento de classes, e o governo sempre foi mediador na negociação por direitos, quando veio o primeiro confronto o povo achou que estava nos governos do PT, mas não estamos mais”, opina.

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