terça-feira, 28 de abril de 2020

Em poucos meses, o coronavírus já matou mais americanos que os 20 anos da Guerra do Vietnã

Uma mulher visita o Memorial dos Veteranos do Vietnã vazio, em 14 de abril, em Washington.
NASCIDO EM MEIO a controvérsias, o Memorial dos Veteranos do Vietnã é agora o monumento mais tocante no National Mall de Washington D.C. Projetado em 1981 por uma estudante de Yale chamada Maya Lin, o memorial consiste em painéis de granito preto polido que formam um ângulo de 125 graus e levam inscritos os nomes dos militares dos EUA mortos no conflito. Os dois murais, baixos nas extremidades e altos onde eles se encontram no meio, listam os mortos cronologicamente – uma contagem individual, dia após dia, de cada vida americana perdida.

Foram necessários 20 anos, de 1955 a 1975, para os EUA perderem 58.220 homens e mulheres – 47.434 em combate – no conflito que mais dividiu o país desde a Guerra Civil. Em menos de quatro meses, o mesmo número de americanos morreu na pandemia de coronavírus – a cifra total foi superada pela pandemia nesta terça-feira. Em pouco tempo, os EUA passaram por essa marca assustadora. Se isso é realmente uma guerra, como o presidente Donald Trump descreveu – nas palavras dele, “estamos travando uma guerra contra o inimigo invisível” – uma pergunta pode ser feita: onde e como serão recordados os mortos deste conflito?

Será que um presidente que apostou seu legado em um “grande e belo muro” ao longo da fronteira com o México vai acabar sendo lembrado por um muro muito diferente, que traz os nomes das dezenas de milhares de americanos que morreram sob seu olhar? Esse muro poderia trazer os nomes de todos aqueles que pereceram no front dessa pandemia, como Vitalina Williams, uma imigrante de 59 anos vinda da Guatemala que trabalhava em um supermercado em Massachusetts; Ferdi German, de 41 anos, um veterano do Exército que trabalhava como inspetor dos vagões do metrô da cidade de Nova York; Craig Franken, 61 anos – casado há quase 20 – que trabalhava no frigorífico da Smithfield Foods em Sioux Falls, na Dakota do Sul; e quatro membros da família Franklin de Nova Orleans, Antoinette, de 86 anos, e seus filhos Herman, 71, Timothy, 61, e Anthony, 58, que sobreviveram a um cataclismo prévio – o furacão Katrina, associado (e exacerbado por) um presidente anterior – apenas para sucumbir a outro desastre, 15 anos depois.

Também há os profissionais de saúde, os médicos, enfermeiros, paramédicos e outros trabalhadores do setor que – como tantos médicos do Exército e da Marinha cujos nomes aparecem no Memorial dos Veteranos do Vietnã – correram em direção ao perigo e sacrificaram suas vidas em um esforço para salvar outros americanos. Essas pessoas corajosas incluem Celia Yap-Banago, de 69 anos, uma imigrante das Filipinas que passou quase 40 anos trabalhando como enfermeira no Centro Médico de Pesquisas em Kansas City, no Missouri, e ficou doente depois de um paciente suspeito de estar com covid-19. Também inclui Madhvi Aya, 61 anos, uma imigrante indiana que trabalhou como assistente de um médico no Hospital Woodhull, no Brooklyn, em Nova York, e tratou pacientes com coronavírus usando apenas uma máscara cirúrgica.

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