terça-feira, 23 de outubro de 2018

Marina Silva declara 'voto crítico' em Fernando Haddad

A candidata derrotada à Presidência Marina Silva (Rede) declarou, em comunicado divulgado nesta segunda-feira (22), "voto crítico" no presidenciável Fernando Haddad (PT). Uma pesquisa Datafolha divulgada no dia 10 de outubro mostrou que os eleitores de Marina eram mais favoráveis a um apoio dela a Haddad —37% escolheram o petista e 18%, o capitão reformado. Outros 33% votariam branco ou nulo e 11% não souberam dizer. No primeiro turno, Marina teve cerca de 1% dos votos válidos (1.069.577). "Sei que, com apenas 1% de votação no primeiro turno, a importância de minha manifestação, numa lógica eleitoral restrita, é puramente simbólica. Mas é meu dever ético e político fazê-la", disse.

Marina Silva ficou em oitavo lugar na corrida presidencial. Foi a pior derrota nos três pleitos que disputou. No comunicado de apoio ao petista, ela afirmou que a campanha do candidato Jair Bolsonaro (PSL) é um perigo à democracia, ao meio ambiente, ao respeito à diversidade e aos direitos civis.

"Vejo no projeto político defendido pelo candidato Bolsonaro risco imediato para três princípios fundamentais da minha prática política: primeiro, promete desmontar a estrutura de proteção ambiental conquistada ao longo de décadas. Chega ao absurdo de anunciar a incorporação do Ministério do Meio Ambiente ao Ministério da Agricultura. Segundo, é um projeto que minimiza a importância de direitos e da diversidade existente na sociedade, promovendo a incitação sistemática ao ódio, à violência, à discriminação. Por fim, em terceiro lugar, é um projeto que mostra pouco apreço às regras democráticas, acumula manifestações irresponsáveis e levianas a respeito das instituições públicas e põe em xeque as conquistas históricas desde a Constituinte de 1988", disse Marina.

O capitão reformado já informou que pretende unir dois ministérios: Meio Ambiente e Desenvolvimento Agrário. Se eleito, o cotado para assumir a pasta é o amigo Luiz Antonio Nabhan Garcia, 60. Após o resultado do primeiro turno, Marina chegou a dizer que tinha "fortes críticas" a Haddad, mas via no candidato do PSL um perigo para grupos vulneráveis.

A ex-candidata também colocou como ponto decisivo para o apoio ao petista a consciência cristã. "A pregação de ódio contra as minorias frágeis, a opção por um sistema econômico que nega direitos e um sistema social que premia a injustiça, faz da campanha de Bolsonaro um passo adiante na degradação da natureza, da coesão social e da civilização. Não é um retorno genuíno ao mandamento do amor, é uma indefensável regressão e, portanto, uma forma de utilizar o nome de Deus em vão."

Minutos após a divulgação do apoio de Marina Silva, Haddad publicou em suas redes sociais que ficou honrado 'por tudo que ela representa e pelas causas que defende'. "Nossa convivência como ministros foi extremamente produtiva e até hoje compartilhamos amizades de brasileiros devotados à causa pública. Esse reencontro democrático me enche de orgulho", escreveu o petista. Dentre os atores políticos que Haddad tentava atrair para uma frente democrática contra a candidatura de Bolsonaro, Marina era a que menos despertava expectativa de aderência nos petistas. 

Eles alegavam que a ex-senadora estava "muito magoada" e "agressiva" em relação ao PT desde a eleição de 2014 —quando a equipe de Dilma Rousseff fez uma campanha pesada para desconstruir a candidatura de Marina, que chegou a liderar a corrida pelo Planalto, mas acabou fora inclusive do segundo turno.

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