Lotada em uma Companhia da PM no Recôncavo Baiano, ela diz na carta que é estudante de direito e que, ao longo dos anos em que atua como policial, vem lutando para garantir a segurança de todos. Em relação ao episódio em que é acusada de ter agredido foliões, ela usa alguns termos em latim para explicar que se encontrava em patrulha ao lado do trio do cantor e vereador Igor Kanário, quando “ocorreu um tumulto, onde foi necessário intervir em uma rixa entre pessoas, uma desordem da qual foi necessária a utilização da força para proteger aqueles que ali estavam apenas com animus jocandir (intenção de brincar) daqueles que tinham em seu ímpeto o animus Iaedendi(intenção de ferir) ,garantindo a volta de muitos pais e mães de famílias aos seus lares”.
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Sobre a frase que teria proferido ao ter a sua ação questionada por Kannário, a PM diz que o cantor “vai ter que provar”. Em um trecho da carta, ela escreveu: “Fiquei barbarizada com discurso dele, pois o que ele disse que falei não faz parte do meu vocabulário, me senti humilhada como policial, como Cristã e como Mulher”.
Ainda na carta, a policial diz que está tomando providências judiciais sobre o caso. Veja, na íntegra, a carta que ela publicou:
“Me chamo Tainá Gomes, tenho 28 anos, estudante de direito e policial militar do Estado da Bahia, mulher e guerreira que jurou garantir a segurança de todos, sem distinção de cor, credo, raça ou procedência social, destaco que mesmo com o custo da própria vida em uma sociedade cada dia mais violenta onde a imprensa noticia quase diuturnamente a morte de policiais militares. Uma escolha que não me trás nenhuma desonra , a pátria amada verá que uma filha sua não foge a luta.
No domingo dia 21/05/2017 , percorri cerca de 120 quilômetros para trabalhar na Cidade de Feira de Santana, especificamente na Micareta de Feira , tudo ocorria conforme esperado, sendo utilizado todas a técnicas por mim apreendidas para permitir que a festa ocorresse em paz, dirimindo com a utilização da força necessária as desordens provenientes daqueles descompromissados com a corrente do bem e ordem pública.
Em um certo momento , onde me encontrava em patrulha ao lado do trio do cantor e vereador Igor Kanário ocorreu um tumulto, onde foi necessário intervir em uma rixa ( um estado e hostilidade entre pessoas ), uma desordem da qual foi necessária a utilização da força para proteger aqueles que ali estavam apenas com animus jocandir ( intenção de brincar ) daqueles que tinham em seu ímpeto o animus Iaedendi ( intenção de ferir ) ,garantindo a volta de muitos pais e mães de famílias aos seus lares.
Neste momento o Vereador , Igor Kanário, de cima de seu trio fez sinal de negação com a cabeça e repreendeu a minha patrulha, momento que me antecipei a ele informando que estávamos fazendo o nosso trabalho e solicitando respeito. Apesar da minha voz sair inaudível por conta do barulho do trio elétrico, o mesmo então iniciou seu discurso, uma verdadeira depredação pública , questionando quem era eu, que era apenas uma soldado da policia militar, que em nada mandava, que nem oficialato possuía, fazendo gestos obscenos e incitando toda a população que o seguia contra mim, que me sentir naquele momento impotente.
Fiquei barbarizada com discurso dele, pois o que ele disse que falei ( que vai ter que provar ) não faz parte do meu vocabulário, me sentir humilhada como policial, como Cristã e como Mulher, que venci preconceitos para chegar até onde me encontro. Ingressei na carreira Policial Militar não foi para ocupar um cargo público e sim por idealismo, continuarei servindo com honra e com garbo a população baiana, nós mulheres somos o que nós queremos, temos competência para isto, jamais esquecerei aquela situação vexatória na qual fui violentada moralmente sem direito de defesa e contraditório, mais grave as palavras afrontaram toda corporação.
Sempre pedi tanto a Deus e todos as vezes que visto essa farda agradeço a Ele pela oportunidade de fazer aquilo que gosto, participei de um certame bastante concorrido, não foi fácil , esperava apenas respeito, saliento que nunca imaginei sofrer tamanho assédio moral em pleno exercício da função (de serviço). Toda vez que for preciso o uso progressivo da força para manter a minha integridade e a ordem pública eu o farei, sou profissional de segurança pública, técnica, fui instruída da melhor forma por aqueles e aquelas que acreditam nesta corrente do bem.
No dia seguinte ao saber do ocorrido vários amigos e colegas entraram em contato comigo para saber o que realmente aconteceu afirmando que não conseguiam me imaginar falando o que ele afirmou que eu disse. Quem acusa tem ônus de provar, minhas atitudes eu respondo, de cabeça erguida e sei bem de minha boa educação. Para completar a assessoria do cantor postou uma nota de “esclarecimento” me imputando mais uma acusação: de fazer gesto obscenos pra ele.
Talvez Vereador, se o Srº tivesse frequentado palestras instrutivas sobre legislação, conduta e ética, que são ministradas para todos o que assumem tal posição, no início de seus mandatos, saberia que não possui imunidade parlamentar , seus ‘‘benefícios’’ se limitam somente ao âmbito interno.
É nesta ordem que escrevo lamentando a postura deste Parlamentar e pedindo providências para que posturas como estas não seja encorajada, peço atenção ao Ministério Público este que tem salvaguardado nossa nação.
As providências serão tomadas e todos aqueles que tentarem intervir na contra mão da lei serão em igual grau expostos.
SOLDADA PM T. GOMES”
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