sexta-feira, 6 de agosto de 2021

Campeã brasileira e ativista ambiental lança campanha global por ação climática BR

 



ONU News (ON): De Chamonix, nos Alpes Franceses, Fernanda Maciel começa a conversa com a ONU News contando a origem da inspiração para apoiar a iniciativa global, após ter sido a primeira mulher a escalar o Aconcágua, a montanha mais alta das Américas.

Fernanda Maciel (FM): Eu sou brasileira e moro na Europa já há 12 anos. Sou advogada e me enfoquei no ambiental. Trabalhei como advogada para o meu estado de Minas Gerais, no Brasil. É um grande estado. São 20 milhões de habitantes. Eu trabalhava para a Fundação Estadual do Meio Ambiente e era chefe do setor de Autos de Infração. Em tudo o que as indústrias ou as minerações no meu estado fizessem de irregular, em relação às leis ambientais, era o meu setor que autuava e colocava a infração. Eu controlava todos esses processos. Eu também sempre fui atleta, amante da montanha e da natureza. Por isso, como advogada, escolhi a área ambiental e trabalhar para o meu estado.


Como esportista, como atleta, eu foquei minha carreira em correr nas montanhas. E eu me via com muito mais contato com a natureza sendo corredora, mais do que como advogada, no final. Eu fui escolhendo o meu caminho para estar mais ligada à natureza para inspirar as pessoas. Mais ainda com a minha figura de esportista, como amante das montanhas, do que como advogada ambiental. Hoje eu estou super feliz, super motivada por estar fazendo parte dessa campanha. Porque tem tudo a ver com a minha pessoa e com o meu sonho: poder mostrar que a corrida, e estar em movimento, é super especial para a gente estar de cara com esse grande problema mundial que é a crise climática. Há 20 anos, estudava sobre o El Niño, esse fenômeno climático. E continuo estudando e vendo isso. Eu tenho a oportunidade de, como atleta, estar correndo em todos os países e todos os continentes. Já competi na floresta amazônica: uma corrida de 50 km, no meio da floresta. Foi incrível. Mas eu consegui ver ali, com meus próprios olhos, parte da floresta ainda intocável, densa e super maravilhosa. Em parte dela passei por uma área que era seca, sem nenhuma árvore. Eu via essa mudança no meio da floresta, aquela coisa úmida, e de repente estava nesse lugar aberto e seco. Eu vejo com meus olhos essas diferenças. Hoje, eu moro em Chamonix, aqui na França, nos Alpes, em montanhas, por conta do meu esporte. É um lugar mais próximo às montanhas mais altas. Aqui, eu corro em glaciares. Na frente da minha casa tem dois glaciares, por exemplo, e é onde eu corro e treino diariamente. O Mar de Glace, por exemplo, é o glaciar mais largo da França. São 12 km de longitude. É um glaciar que está perdendo os metros. A cada ano se perdem 40 metros. Ou seja, a previsão daqui a 20 anos a gente vai perder um quilômetro e meio desse glaciar. Então, eu vejo isso. Comecei a correr aqui há 11 anos e, hoje em 2021, eu vejo o glaciar que se está perdendo e nesses lugares críticos o que está acontecendo. Então, essa campanha que as Nações Unidas estão realizando é incrível, porque nos toca no coração. Chega próximo ao indivíduo. Uma coisa é a gente estar vendo na televisão governantes lutando, passando a palavra e toda a população se manifestando. Mas quando chega uma campanha em que nós temos que correr 100 minutos, caminhar 100 minutos ou andar de bicicleta 100 minutos. Essa parte dessa campanha está requerendo ou insistindo que a gente se movimente sem estar com o carro e de uma forma limpa. Eu acho que começa pelo estilo de vida. Para mim é super fácil. é uma hora e meia correndo e acabou. Mas para as pessoas normais é difícil estar movimentando 100 minutos, ir até ao escritório e voltar ou ao supermercado a pé. Mas vai mudando esse estilo de vida: menos é mais. Às vezes, nessa campanha não só se estará abrindo nossos olhos, para ter esse alerta para os grandes políticos e países, mas também para gente individual, dentro de casa. Vamos nos movimentar um pouco. Deixar o carro. Vamos fazer a bicicleta. Vamos deixar de fazer alguma viagem de avião por conta dessa taxa de carbono porque são pequenos detalhes. Vamos reciclar ou ensinar o filho a reciclar. Que legal. Eu já participei de tantos projetos de reciclagem e era tão difícil tocar isso com as pessoas mais velhas. Porque é cultural. 


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