sábado, 20 de junho de 2020

Bolsonaro burla decreto de Trump que proíbe entrada nos EUA devido à covid-19 para contrabandear Abraham Weintraub para o país

FILE - In this March 7, 2020, file photo President Donald Trump is seated before a dinner with Brazilian President Jair Bolsonaro, left, at Mar-a-Lago in Palm Beach, Fla. Bolsonaro’s communications director, Fábio Wajngarten, tested positive just days after traveling with Bolsonaro to a meeting with Trump and senior aides in Florida. (AP Photo/Alex Brandon, File)

O PRESIDENTE JAIR BOLSONARO está cada vez mais imerso em escândalos envolvendo seus familiares e seus aliados mais próximos. Somente na última semana, diversas operações foram desencadeadas contra apoiadores, sua família e mesmo contra o próprio presidente.

Grandes ações de busca e apreensão, ordenadas pelo STF, foram deflagradas contra casas de blogueiros e youtubers apoiadores ferrenhos do presidente acusados de atividades antidemocráticas e disseminação de fake news; a ativista conhecida pelo pseudônimo Sara Winter, uma das bolsonoristas mais fanáticas foi presa; sigilos bancários de uma dúzia de parlamentares governistas foram levantados; e, no maior revés para a família, Fabrício Queiroz, que foi por mais de uma década assessor principal e motorista de Flávio Bolsonaro — e que estava foragido há mais de um ano, procurado por participação no esquema de rachadinha no gabinete do então deputado e por ligações com as milícias — foi finalmente encontrado (em uma casa do advogado da família Bolsonaro) e preso – na casa foram encontrados, sobre a lareira, bonecos de Tony Montana, personagem principal do filme “Scarface”, e um pôster do AI-5.

Em meio a tudo isso, o ministro da Educação ultradireitista Abraham Weintraub foi demitido – ou “se demitiu” – na quinta-feira, após ser flagrado, no agora célebre vídeo da reunião ministerial, gritando que os ministros do STF deveriam ser presos, e ter participado em seguida, e sem máscara, de uma manifestação explicitamente antidemocrática contra o STF. Mesmo em um governo cujos ministros se atropelam em problemas de corrupção e toda sorte de humilhações — Bolsonaro está em seu terceiro ministro da Saúde em quatro meses, no meio de uma pandemia, e seu quinto secretário de Cultura (um deles foi demitido depois de repetir ipsis litteris partes de discursos de Josef Goebbels, ministro da propaganda nazista) — ainda assim Weintraub se sobressaiu como um retumbante fracasso e fonte abundante de constrangimento para o governo, tendo  se tornado um herói para as facções mais estridentes do movimento bolsonarista graças a suas bravatas pedindo prisão para os juízes do STF e sua histeria anticomunista.

Especulações de que Weintraub seria o próximo alvo das autoridades investigativas do país surgiram na semana passada e ganharam força quando ele anunciou repentinamente, em seu Twitter, na noite de sexta-feira: “Estou saindo do Brasil o mais rápido possível (poucos dias). NÃO QUERO BRIGAR! Quero ficar quieto, me deixem em paz, porém, não me provoquem!”


Abraham Weintraub
@AbrahamWeint
Aviso à tigrada e aos gatos angorás (gov bem docinho). Estou saindo do Brasil o mais rápido possível (poucos dias). NÃO QUERO BRIGAR! Quero ficar quieto, me deixem em paz, porém, não me provoquem!

93,6 mil
08:58 - 19 de jun. de 2020 · Brasília, Brazil
Informações e privacidade no Twitter Ads
31,9 mil pessoas estão falando sobre isso
Em sua cerimônia de exoneração, ciceroneada pelo próprio Bolsonaro na quinta-feira, o presidente sugeriu que apontaria Weintraub para um importante cargo no Banco Mundial, um dos poucos cargos de importância que não dependem da aprovação do Senado. Mas logo uma forte oposição começou a aparecer no interior do próprio banco, e uma longa e detalhada carta, assinada por vários especialistas brasileiros, foi enviada aos embaixadores dos sete países de cuja aprovação a nomeação depende, listando os escândalos e constrangimentos de Weintraub e “recomendando fortemente” que sua indicação não seja aceita, alertando ainda para os “danos irreparáveis que ele poderia causar à posição de seus países no Banco Mundial”.

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