quinta-feira, 24 de outubro de 2019

Sumiço de Davi Fiúza após abordagem da PM completa cinco anos; "foi levado para ensinar como é que mata"

Medina
Crédito da Foto: acervo pessoal

O desaparecimento do jovem Davi Fiúza completa cinco anos nesta quinta-feira (24/10). Ele tinha 16 anos quando foi sequestrado durante uma abordagem policial no bairro de São Cristóvão, em Salvador. 

O caso está sendo investigado, mas mesmo após tanto tempo, a mãe de Davi, Ruth Fiúza, ainda espera uma resposta. "[No dia] eu recebi um telefonema da minha filha, dizendo que havia uma abordagem policial naquele local, mas eu achei que 'quem não deve não teme' e não teria nada, mas até hoje esse 'nada' fica como uma interrogativa na minha mente", conta.

A mulher diz ainda que o dia 24 de outubro se tornou uma data "emblemática". "É um dia que parece que todas as feridas se abrem outra vez, é um dia de chagas profundas, em que parece que não há cura para isso. A minha cura é a luta", desabafa.

Ainda segundo a mãe, nesses cinco anos após o desaparecimento ainda não foram realizadas as oitivas - quando as testemunhas são ouvidas pelo delegado -. Davi tinha saído de casa para visitar a namorada quando foi levado por estudantes da PM lotados na 49ª Companhia Independente (CIPM/São Cristóvão). Nunca foi confirmado que o menino tivesse envolvimento com o tráfico de drogas.

"Acho que a questão não é nem o fato de ter envolvimento ou de não ter. Nós estamos em um país que não é aplicada a pena de morte, pelo menos juridicamente, [...] o que nós sabemos é que está acontecendo um genocídio, um extermínio, da população pobre, periférica e negra. É preciso que, coletivamente, venhamos a falar sobre isso, para que a população venha a ter uma consciência". 

A família de Ruth e Davi segue na busca por Justiça. "O que me aflige mesmo é saber que o meu filho, independente do que ele era ou de quem ele era, ele foi levado em uma abordagem policial naquele dia, em que estavam sendo formados 23 policiais militares, e que até o momento nos não sabemos o que aconteceu. Eu costumo dizer que talvez o meu filho foi levado para ensinar como é que mata, pra ele passar por um holocausto", revela a mãe.

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