sexta-feira, 16 de agosto de 2019

“Braço-direito” de Marcola ordenou a temporada de ataques no Ceará em janeiro


Célio Marcelo da Silva, o "Bin Laden", comandou a onda de ataques no Ceará mesmo estando preso na penitenciária federal em Porto Velho, Rondônia


Chama-se Célio Marcelo da Silva, o “Bin Laden”, o bandido do alto escalão da facção paulista PCC (Primeiro Comando da Capital), responsável por ter ordenado a temporada de ataques criminosos no Ceará, em janeiro último. Mais de 300 atentados contra coletivos, delegacias de Polícia Civil, bases da PM e a explosão de pontes e viadutos foram praticados em todo o estado por ordem direta do criminoso, mesmo ele estando trancafiado em um presídio federal de segurança máxima na região Centro-Oeste do País.

A descoberta foi feira durante a investigação sigilosa realizada pelo Ministério Público do Estado do Ceará (MP-CE), através do seu Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco). Apontado como homem de confiança do líder do PCC no País, Marcos Herrera Hebas Camacho, o “Marcola”, e tido como um dos homens fortes da  “Sintonia Fina” do PCC (sua liderança), o bandido “Bin Laden” ordenava o fornecimento de armas de grosso calibre e munição para vários estados brasileiros, entre eles, o Ceará. Esta foi uma das suas funções no topo da facção, delegada a ele diretamente por “Marcola”.

Nesta quinta-feira (15), mesmo sendo feriado em Fortaleza, o Gaeco se juntou às polícias Civil e Militar e desencadeou em Fortaleza e mais sete cidades do Ceará a operação que culminou na prisão de 26 pessoas no Ceará. Entre as pessoas detidas em Fortaleza, Independência, Sobral, Juazeiro do Norte, Groaíras, Aquiraz, Maracanaú e Pacatuba, uma teve atenção especial das autoridades. Trata-se da mulher de “Bin Laden”, que estava morando no Ceará e, em janeiro, serviu de  “pombo-correio” para fazer chegar ao braço do PCC em Fortaleza as ordens do marido, preso na penitenciária federal de Porto Velho, no estado de Rondônia.

“Bin Laden”, conforme as investigações do MP,  ordenou a temporada de ataques criminosos no Ceará como parte de uma estratégia geral do PCC em represália a qualquer tipo de punição ou isolamento das lideranças locais (nos estados) dentro do Sistema Penitenciário. E foi a partir de medidas disciplinadoras imposta às facções nos presídios locais, que o alto comando do PC despachou um “Salve Geral” para o Ceará, com a ordem de atacar de forma agressiva e dispersa, órgãos e autoridades locais e promover atentados que tivessem conseqüência impactantes nas ruas.

                                                           
                                      Ataques em série

Os atentados começaram no dia 2 de janeiro, com a queima de vários coletivos em Fortaleza. Logo depois, os ataques se espalharam pela cidade, com delegacias sendo alvos de bombas e coquetéis molotov e disparos de fuzis e metralhadoras. Depois, vieram as explosões em pontes e viadutos, incêndios em garagens de órgãos públicos e até em revendedoras e concessionárias de veículos particulares.

A sequência de ataques levou o governador do estado, Camilo Santana (PT), mesmo a  contragosto,  pedir ajuda ao presidente da República, Jair Bolsonaro, que tinha acabado de assumir a Presidência, a enviar ao Ceará parte do efetivo  da Força Nacional de Segurança FNS). Camilo pediu ainda, ajuda aos governadores de seu partido para controlar o avanço do crime organizado naquele momento, tendo recebido tropas da Bahia, Piauí, Santa Catarina e de outros estados em socorro à PM cearense.

Com o fim dos atentados, o MP debruçou-se na investigação sigilosa sobre de onde partiu, quem ordenou e qual o objetivo da temporada de atentados no Ceará, chegando, recentemente, ao nome do traficante e seqüestrador Célio Marcelo da Silva, o “Bin Laden”, braço direito de “Marcola”, o “Número Um” do PCC.

Em 2005, “Bin Laden” comandou, por ordem de “Marcola”, o sequestro da mãe do jogador Robinho, do Santos e da Seleção Brasileira, na época. Por conta disso, ganhou uma vaga na “Sintonia Fina” do PCC.


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