O miliciano ligado ao senador Flávio Bolsonaro (sem partido-RJ) foi morto no domingo (9 de fevereiro) em uma operação das polícias fluminense e baiana, em Esplanada (175 km de Serrinha). Nos meses anteriores, de acordo com a Folha, participou de competições de vaquejada nos municípios de Lagarto e Itabaiana, em Sergipe, Serrinha e Inhambupe, na Bahia, mesmo diante de câmeras e de grandes públicos.
Registros da Associação Brasileira de Quarto de Milha consultados pelo jornal paulista apontam que, usando seu próprio nome, Adriano disputou provas na categoria amador em 17 de janeiro de 2019, quando ficou em quarto lugar com seu parceiro Leandro Guimarães, o mesmo fazendeiro que lhe daria abrigo em Esplanada.
Menos de duas semanas depois, Adriano se tornou foragido, com a deflagração de operação do Ministério Público do Rio de Janeiro. Investigações apontam que Adriano atuava em diferentes atividades ilegais: milícia, jogo do bicho, máquinas caça-níqueis e homicídios profissionais.
De acordo com a reportagem, as viagens à Bahia eram feitas de carro. A cada visita, acompanhava-o um caminhão com quatro cavalos, cada um valendo R$ 40 mil, que ele mantinha em um haras no Rio de Janeiro. Seu objetivo, segundo o relato de testemunhas, era montar um novo haras no litoral norte da Bahia, incluindo uma pista onde pudesse treinar para vaquejadas.
A polícia investiga se o haras era uma iniciativa pessoal de Adriano ou um empreendimento de seu grupo criminoso para lavagem de dinheiro ou até mesmo a formação de uma nova célula miliciana no Nordeste.
O ex-policial foi citado na investigação do Ministério Público do Rio de Janeiro que apura se houve “rachadinha” no gabinete de Flávio quando ele era deputado estadual. Segundo o MP-RJ, contas de Adriano foram usadas para transferir dinheiro a Fabrício Queiroz, então assessor de Flávio e suspeito de comandar o esquema de devolução de salários.
O ex-PM também é apontado como o chefe do Escritório do Crime, grupo paramilitar que comanda a comunidade do Rio das Pedras, na zona oeste da capital fluminense. A milícia é investigada por ligação com os assassinatos de Marielle Franco e Anderson Gomes.
Justiça determina novo exame - A Justiça da Bahia determinou nesta terça-feira (18) um novo exame no corpo do miliciano Adriano da Nóbrega, morto durante operação policial no dia 9 de fevereiro em um sítio na zona rural da cidade de Esplanada, na Bahia. A decisão ocorreu depois um pedido feito pelo Ministério Público da Bahia (MP-BA). Segundo o Órgão, o objetivo é esclarecer dados até o momento obscuros, entre eles, a trajetória dos tiros.
No documento, a Justiça pede que o corpo do miliciano não seja cremado e, por isso, mantido em conservado em câmara de refrigeração no Instituto Médico Legal do Rio de Janeiro, para a realização de perícia necroscópica complementar no cadáver.
Além disso, a Justiça requisita à Secretaria de Segurança Pública do Estado da Bahia as gravações dos rádios transmissores utilizados pelos agentes policiais no dia da operação policial e exames papiloscópico nas munições não deflagradas da pistola Glock (9mm) supostamente encontrada com Adriano. O miliciano estava foragido havia mais de um ano.
Adriano era suspeito de comandar um grupo criminoso que cometeu dezenas de homicídios, o Escritório do Crime. O ex-capitão foi expulso da PM por envolvimento com o jogo do bicho e já foi homenageado mais de uma vez pelo então deputado estadual Flávio Bolsonaro (sem partido), hoje senador.
Miliciano Adriano Magalhães de Nóbrega morreu após um confronto com policiais militares |
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