quarta-feira, 11 de dezembro de 2019

UFRB cria comissão para apurar denúncias de racismo dentro do campus


A Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB) divulgou uma nota na tarde desta terça-feira (10) informando que vai apurar a acusação de racismo sofrida pela professora Isabel Cristina Ferreira dos Reis do Centro de Artes, Humanidades e Letras (CAHL). O estudante Danilo Araújo de Góis é acusado pelos colegas de cometer o crime.
“A instituição já criou uma comissão para apurar as denúncias encaminhadas por estudantes e professores do Centro, que informam ter presenciado reiteradas manifestações de preconceito racial, de gênero e de homofobia por parte do estudante”, diz a nota.

caso foi registrado em vídeo na noite desta segunda-feira (9). Nas imagens é possível ver que Danilo se recusa a receber um papel das mãos da professora Isabel e pede que ela coloque o material na mesa. A docente diz que não está entendo o comportamento dele, mas o estudante insiste em não querer receber a avaliação das mãos da professora.
Os colegas de turma afirmam que o motivo da recusa é porque Isabel é negra. Segundo a direção do curso, Danilo tem uma predileção a fazer críticas a essa professora em específico e alunos já tinham percebido o comportamento dele em relação a ela em outros momentos.
Em nota, a UFRB afirma que é uma instituição de ensino superior comprometida com os valores democráticos, o respeito à diversidade e implicada com os territórios de identidade em que está presente.
 A universidade diz também rechaçar todo e qualquer ato de racismo, sexismo, LGBTfobia, intolerância e/ou violência, seja no âmbito acadêmico ou no cotidiano em geral.
“A UFRB informa que está tomando as medidas administrativas e jurídicas cabíveis ao caso, de modo a contribuir com a apuração dos fatos ocorridos na noite do dia 9 de dezembro, em sala de aula, no Centro de Artes, Humanidades e Letras (CAHL), em Cachoeira.
 Após se recusar a receber uma avaliação das mãos da professora, o estudante foi denunciado pelos presentes por ato de preconceito racial, conforme vídeo veiculado em redes sociais”, diz a nota.
A Universidade conclui dizendo que considera fundamental ao processo formativo na graduação e na pós-graduação o respeito às diferenças para constituir um ambiente de convívio saudável, sem discriminação. 
“Ao mesmo tempo, a instituição manifesta solidariedade à professora e estudantes ofendidos no espaço da Universidade e reafirma seu compromisso em não deixar impunes atitudes desta natureza”.
Comunidade 
O Departamento de História da Universidade Federal da Bahia também se manifestou sobre o caso, através de nota divulgada nas redes sociais.

 “No contexto atual, marcado por uma guinada à reprodução de atitudes protofacistas muitas pessoas preconceituosas sentem-se autorizadas e estimuladas a assumirem comportamentos e discursos misóginos e racistas”.
A comunidade afirma que repudia qualquer tipo de preconceito, enfatizou que racismo é crime, com pena de prisão e multa, e se solidarizou com a professora. Os acadêmicos também pediram que o caso seja apurado com rigor.
“O Departamento de História da Universidade Federal da Bahia repudia veementemente quaisquer atitudes racistas que recaiam sobre a população afrodescendente e que têm tornado a vida universitária insuportável.
 A universidade é um espaço que prima pela igualdade, pela produção de conhecimento crítico e pela convivência democrática e não pode tolerar o crime de racismo ou quaisquer outros.
 Portanto, o Departamento de História da UFBA solidariza-se com a professora Isabel Reis e exigimos que as autoridades competentes averiguem o caso e puna o responsável para que isso não se torne um comportamento corriqueiro”, diz a nota.

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